30 de dezembro de 2011

O mundo além das palavras



Dentro deste mundo há um outro mundo impermeável às palavras.
Nele, nem a vida teme a morte, nem a primavera dá lugar ao outono.
Histórias e lendas surgem dos tetos e paredes, até mesmo as rochas e árvores exalam poesia.
Aqui, a coruja transforma-se em pavão; o lobo, em belo pastor.
Para mudar a paisagem, basta mudar o que sentes;
E se queres passear por esses lugares, basta expressar o desejo.
Fixa o olhar no deserto de espinhos.
- Já é agora um jardim florido!
Vês aquele bloco de pedra no chão?
- Já se move e dele surge a mina de rubis!
Lava tuas mãos e teu rosto nas águas deste lugar, que aqui te preparam um fausto banquete.
Aqui, todo ser gera um anjo; e quando me vêem subindo aos céus, os cadáveres retornam à vida.
Decerto viste as árvores crescendo da terra, mas quem há de ter visto o nascimento do Paraíso?
Viste também as águas dos mares e rios, mas quem há de ter visto nascer de uma única gota d'água uma centúria de guerreiros?
Quem haveria de imaginar essa morada, esse céu, esse jardim do paraíso?
Tu, que lês este poema, traduze-o. Diz a todos o que aprendeste sobre este lugar.

(Rumi)

14 de dezembro de 2011

O Louco


Momento de inspiração na vida que pode levar a começar algo de novo.
Essa carta indica algum momento de transição na vida cujo ponto de partida é uma voz interior ou intuição.
Liberdade e independência após um período de vida "pesado". Esta carta apresenta poucos aspectos positivos,
a não ser na área espiritual, e sua leitura está muito relacionada com as cartas que a acompanham
dentro de uma leitura mais abrangente.
Talvez por não ter número, significa liberdade, ele olha para o infinito e com isso,
mostra que a vida é muito mais do que vemos e a felicidade pode estar além das aparências da vida cotidiana.
Isso quer dizer que muitas vezes nos preocupamos com coisas superficiais e não percebemos o que realmente é importante.

O louco é a personificação da sorte, como a sorte, é um componente incontrolável.
Quando aparece numa consulta, marca um período afetado pela instabilidade geral,
o consulente pode ser influenciado a agir guiado apenas pela intuição, numa compulsão cega a qualquer conselho. O cão tenta avisá-lo do precipício que tem à frente, mas parece que ele nem percebe, por estar distraído a olhar para frente, livre.
Cuidado para não se ver seduzido por aquilo que mais aparenta ser do que realmente é.
Considere todos os pormenores antes de tomar decisões em vez de enveredar pela saída mais fácil.
Atente também para a tendência de iniciar um projeto sem levar em conta todas as possibilidades e detalhes.

Carta retirada em 01/12/2011

12 de novembro de 2011

O Imperador



O Arcano IV representa soberania, força, orientação e subjugação.
Alcance de metas, possíveis realizações de um grande sonho, domínio da razão,
conquista em todos os sentidos, principalmente ganhos materiais. Deve-se ter cuidado
com a tendência ao autoritarismo, a rigidez e a inflexibilidade tanto para com os outros,
como para si mesmo. Deve-se fazer uma análise sobre suas ações, questionando se são muito
imaturas, exageradas criando situações de conflitos desnecessárias. No caso do relacionamento,
pode parecer estável, porém sem demonstrações de afeto. Há indicações de um relacionamento seguro, mas comandado pelo homem que tende a ditar as regras, e ele espera que sejam aceitas sem contestações.
O homem que tende a tomar esta atitude, deve ter em mente o quanto e por quanto tempo a sua companheira suportará seus comandos e atitudes radicais.


Autoconhecimento e orientação são as principais funções do Tarot. Esta carta foi retirada em 02/11/11 e fazendo uma análise geral da situação, confirmei a presença soberana do Imperador.
As cartas realmente não mentem.

25 de outubro de 2011

Um dia descobrimos


(Mário Quintana)

17 de outubro de 2011

P.S. Eu Te Amo


"Não vou lhe dizer nada que você não queira ouvir

Só o que eu quero é que você diga

Por que não me leva aonde eu nunca estive antes?

Sei que você quer ouvir minha respiração ofegante...

Vou amar você até o fim..."

(Do Filme: P.S. Eu Te Amo)

25 de setembro de 2011

Luto Eterno


Não penso no adeus de forma normal.
Penso no adeus de forma cotidiana e depressiva.
Penso no adeus momentâneo,
O adeus que não deu tempo.
Penso no adeus de muitos
E no adeus contido que não se pôde dar.
Penso no adeus exaustivo,
No adeus cansativo,
No adeus encharcado de lágrimas.
Penso no adeus chocado,
No adeus calado,
No adeus molhado de quem esperava retornar.
Penso no adeus que não se foi,
No adeus que não volta,
No instante do adeus.
Penso naquele adeus semicerrado,
Abusado, despreparado para se dar.
Penso no adeus a todo custo,
No adeus de todo mundo,
No adeus que parte mudo.
No adeus que acaba tudo.

(Autor desconhecido)


Dedicado à S.M.C. RIP - 25/09/2006


19 de setembro de 2011

Conta pra mim...



Conta pra mim de onde a gente se conhece.
De onde vem a sensação de que sempre esteve aqui, quando eu sei que não estava.
Conta onde nasce essa familiaridade toda com os seus olhos.
Onde nasce a facilidade para ouvir a música de cada um dos seus sorrisos.
Onde nasce essa compreensão das coisas que revela quando cala.
Conta de onde vem a intuição da sua existência tanto tempo antes de nos encontrarmos.
Conta pra mim de onde a gente se conhece.
De onde vem o sentimento de que a sua história, absolutamente nova, é como um livro que releio aos poucos e, ao longo das páginas, apenas recordo trechos que esqueci. Conta de onde vem a sensação de que nos conhecemos muito mais do que imaginamos.
De que ouvimos muito além do que dizemos.
De que as palavras, às vezes, são até desnecessárias.
Conta de onde vem essa vontade que parece tão antiga de que os pássaros cantem perto da sua janela quando cada manhã acorda.
De onde vem essa prece que repito a cada noite, como se a fizesse desde sempre, para que todo dia seu possa dormir em paz.
Conta pra mim de onde a gente se conhece.
De onde vem essa repentina admiração tão perene.
De onde vem o sentimento de que nossas almas dialogavam muito antes dos nossos olhos se tocarem.
Conta por que tudo o que é precioso no seu mundo me parece que já era também no meu.
De onde vem esse bem-querer assim tão fácil, assim tão fluido, assim tão puro.
Conta de onde vem essa certeza de que, de alguma maneira, a minha vida e a sua seguirão próximas, como eu sinto que nunca deixaram de estar.

(Ana Jácomo)

15 de setembro de 2011

Ser ou não ser de alguém?


Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, nos bares, levanta os braços, sorri e dispara "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também".

No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração "tribalistas" se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam o ouvido do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição.

A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu. Beijar na boca é bom? Claro que é! Se manter sem compromisso, viver rodeado de amigos em baladas animadíssimas é legal? Evidente que sim. Mas por que reclamam depois?

Será que os grupos tribalistas se esqueceram da velha lição ensinada no colégio, onde "toda ação tem uma reação".

Agir como tribalistas tem consequências, boas e ruins, como tudo na vida...

Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc. embora já saibam namorar, "os tribalistas" não namoram. Ficar, também é coisa do passado. A palavra de ordem hoje é "namorix". A pessoa pode ter um, dois e até três namorix ao mesmo tempo.

Dificilmente está apaixonada por seus namorix, mas gosta da companhia do outro e de manter a ilusão de que não está sozinho.

Nessa nova modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada.

Caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra deve fingir que nada aconteceu, afinal, não estão namorando. Aliás, quando foi que se estabeleceu que namoro é sinônimo de cobrança? A nova geração prega liberdade, mas acaba tendo visões unilaterais. Assim como só deseja "a cereja do bolo tribal", enxerga somente o lado negativo das relações mais sólidas.

Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor.

Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só pra dizer bom dia, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter "alguém para amar".

Já dizia o poeta que "amar se aprende amando" e se seguirmos seu raciocínio, esbarraremos na lição que nos foi passada nas décadas passadas: relação é sinônimo de desilusão. O número avassalador de divórcios nos últimos tempos, só veio a confirmar essa tese e aqueles que se divorciaram (pais e mães dos adeptos do tribalismo), vendem na maioria das vezes de que casar é um péssimo negócio e que uma relação sólida é sinal de frustrações futuras.

Talvez seja por isso que pronunciar a palavra "namoro" traga tanto medo e rejeição. No entanto, vivemos em uma época muito diferente daquela em que nossos pais viveram. Hoje podemos optar com maior liberdade e não somos mais obrigados a "comer sal juntos até morrer". Não se trata de responsabilizar pais e mães, ou atribuir um significado latente aos acontecimentos vividos e assimilados na infância, pois somos responsáveis por nossas escolhas, assim como o que fazemos com as lições que nos chegam.

A questão não é casual, mas quem sabe correlacional. Podemos aprender a amar se relacionando, trocando experiências, afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram passados. Somos livres para optarmos! E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento... É arriscar, pagar para ver e correr atrás da felicidade. É doar e receber, é estar disponível de alma, para que as surpresas da vida possam aparecer. É compartilhar momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo das coisas ruins.

Ser de todo mundo e não ser de ninguém é o mesmo que não ter ninguém também... É não ser livre para trocar e crescer... É estar fadado ao fracasso emocional e à tão temida solidão.

(Arnaldo Jabor)

12 de setembro de 2011

Quase


(Luis Fernando Veríssimo)

Assim moro em meu sonho





Assim moro em meu sonho
como um peixe no mar.
O que sou é o que vejo.
Vejo e sou meu olhar.

Água é o meu próprio corpo,
simplesmente mais denso.
E meu corpo é minha alma,
e o que sinto é o que penso.

Assim vou no meu sonho.
Se outra fui, se perdeu.
É o mundo que me envolve?
Ou sou contorno seu?

Não é noite nem dia,
não é morte nem vida:
é viagem noutro mapa,
sem volta nem partida.

Ó céu da liberdade,
por onde o coração
já nem sofre, sabendo
que bateu sempre em vão.

(Cecília Meireles)

1 de setembro de 2011

A Justiça


Uma mulher, sentada num trono, tem em sua mão direita uma espada com a ponta virada para cima, e na esquerda uma balança com os pratos em equilíbrio. A mão que segura a balança encontra-se à altura do coração. Esta espada é um objeto necessário que vem nos advertir sobre o que estamos fazendo com a nossa vida, nos alerta de como agir diante dos tipos de escolhas que fazemos para não lamentar depois. Nos alerta de como estamos emotivos e vulneráveis aos nossos instintos, logo então, se faz necessário por os pés no chão, agir com equilíbrio, sensatez e principalmente com cuidado quanto aos nossos desejos.

A justiça dos homens é cega por ter como princípio a igualdade de todos perante a ela, a justiça social só existe quando a honra é baseada nos princípios da ética e da moral. E a justiça divina é elaborada através da lei de ação, causa e efeito, onde os fatos vão determinar se os resultados serão favoráveis ou não.

O Arcano VIII nos indica que seja qual for a questão, o que está acontecendo na nossa vida é colheita daquilo que foi plantado e seu futuro pode ser transformado pelas lições que acorreram na fase atual. A colheita sempre será proporcional ao plantio.


Imagem by Luis Royo

30 de agosto de 2011

Ela decidiu morrer...



"Ela decidiu morrer. Mas passou a viver cada dia mais intenso antes da sua morte,
tentou por outras vezes, outras horas, ir embora novamente, mas permaneceu, e ficou.
Ficou e viveu, fez todas as suas vontades, caprichos e desejos,
achando que todos os dias seriam como um milagre por estar viva.
Mas mal sabia ela, que não morreria, mas a ilusão a fez viver como se todos os dias fossem o último."
(Veronika decide morrer - Paulo Coelho)

25 de agosto de 2011

Bruxaria Branca - A expressão do mal


As crianças, independentes de cor epitelial e prática religiosa, têm receio e curiosidades em relação a bruxas e fadas. A didática através do lúdico as insere no mundo da fantasia criado pelos adultos, em uma realidade controversa e de explicações através das fábulas de problemas não resolvidos.

Todos os povos e civilizações sempre tiveram códigos de moralidade e de costumes, entretanto, o desconhecimento de outro grupo cultural cria falsas respostas através de ideologias discriminatórias. Os questionamentos de gerações afloram nos contos, nas mitologias do poder e de identidades dos grupos sociais, e nestas análises as respostas estão inacabadas, gerando conflitos, surgindo à necessidade didática de final feliz para o grupo social que idealiza a fábula, conforme as suas aspirações sociais e influências religiosas. Neste sentido, os povos que sofreram invasões e foram escravizados encontram nas fábulas e mitos do invasor e escravizador referências deturpadas de si mesmo, pois são forçados a se encontrar no pertencimento do outro e, aprendem a desprezar os seus contos e mitos, seja por desconhecimento de sua história ou rejeição de sua ancestralidade. Quando conhecemos o mundo, a mulher nos é apresentada como símbolo do amor materno, sabedoria, religiosidade, compreensão e poder. Para a criança o ato de “falar com a minha mãe!” tem um significado muito forte. O ato da comunicação torna-se instrumento de pertencimento com aquela que teve o poder da procriação e manutenção da vida. Nas sociedades européias e em seus contos a mulher é representada como detentora do poder mágico da bondade, como as fadas (a mulher submissa sempre atenta aos desejos do homem) bruxas e feiticeiras (simbolizada da perversão e maldade, questionadoras do patriarcado). A maioria das crianças conhece o Conto Branca de Neve e os Sete Anões, da relação conflituosa, gerada pela disputa de beleza física, entre a protagonista com sua madrasta, uma rainha-bruxa. O clássico cinematográfico da Disney foi premiado com um Oscar especial da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. A história finaliza com a quebra do feitiço do sono eterno por um beijo do príncipe, que vive “feliz para sempre” com branca de Neve, a mais bela, notadamente por ser a mais branca, como o nome já sugere. Incrível que muitos aniversários de crianças, a idéia de ser uma princesa como a branca de neve e encontrar um príncipe encantado é um sonho de milhões de meninas pretas.


(Por Walter Passos, historiador, teólogo e membro da COPATZION (Comunidade Pan-Africanista de Tzion). Pseudônimo: Kefing Foluke.)


http://cnncba.blogspot.com/2009/09/bruxaria-branca-expressao-do-mal.html

24 de agosto de 2011

Liberdade




"O ser humano é capaz de se deixar morrer para conquistar a sua liberdade. Mas de qual liberdade se trata?
O homem só pode ser livre quando consegue restabelecer a verdadeira hierarquia em si mesmo.
Nesse momento, ele é o rei, retoma o seu lugar no trono e tudo lhe obedece:
sentimentos, pensamentos, instintos e desejos.
Para a maioria das pessoas, a liberdade consiste em abrir todas as portas ou janelas e sair dizendo:
"Sou livre", mas traz todas as prisões dentro de si.
Quem coloca em primeiro lugar os desejos, os caprichos e as paixões, é um escravo. E seria melhor se fosse se fechar em algum lugar, pois com essa liberdade só pode prejudicar os outros e a si mesmo.
A liberdade é privilégio do espírito, logo, só o homem no qual o espírito governa, isto é,
a luz, tudo o que é grande, justo e nobre, pode afirmar o direito de ser livre."
(Omraam Mikhaël Aïvanhov)

17 de agosto de 2011

Iluminada




Sentindo o coração parar
Eu bebo teu olhar, teu beijo
As nuvens que eu vejo passar
são luz do meu desejo
a buscar o teu amor...
A vida pode se acabar
Porque eu tive um momento pleno
Se o meu futuro for só lembrar
Teus lábios de veneno
Viverei desse amor
Cai o sol, hóstia incendiada
Na manhã transformada
Em altar do meu amor
A lua branca se escondeu
Fingindo que não sabe de nada
Seu brilho e bem menor do que o meu
Pois anda iluminada pelo sol de um grande amor...
(Ithamara Koorax)

8 de agosto de 2011

Cantares


Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o seu amor do que o vinho.
Suave é o cheiro dos teus perfumes; como perfume derramado é o teu nome;
por isso as donzelas te amam.
Leva-me tu; correremos após ti. O rei me introduziu nas suas recâmaras;
em ti nos alegraremos e nos regozijaremos;
faremos menção do teu amor mais do que do vinho; com razão te amam.
Eu sou morena, mas formosa, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Quedar,
como as cortinas de Salomão.
Não repareis em eu ser morena, porque o sol crestou-me a tez;
os filhos de minha mãe indignaram-se contra mim,
e me puseram por guarda de vinhas; a minha vinha, porém, não guardei.
Dize-me, ó tu, a quem ama a minha alma: Onde apascentas o teu rebanho,
onde o fazes deitar pelo meio-dia;
pois, por que razão seria eu como a que anda errante pelos rebanhos de teus companheiros?

Se não o sabes, ó tu, a mais formosa entre as mulheres, vai seguindo as pisadas das ovelhas,
e apascenta os teus cabritos junto às tendas dos pastores.
A uma *égua dos carros de Faraó eu te comparo, ó amada minha.
Formosas são as tuas faces entre as tuas tranças, e formoso o teu pescoço com os colares.
Nós te faremos umas tranças de ouro, marchetadas de pontinhos de prata.
Enquanto o rei se assentava à sua mesa, dava o meu nardo o seu cheiro.
O meu amado é para mim como um saquitel de mirra, que repousa entre os meus seios.
O meu amado é para mim como um ramalhete de hena nas vinhas de En-Gedi.
Eis que és formosa, ó amada minha, eis que és formosa; os teus olhos são como pombas.
Eis que és formoso, ó amado meu, como amável és também; o nosso leito é viçoso.
As traves da nossa casa são de cedro, e os caibros de cipreste.

(Cânticos de Salomão 1: 2-17)


*Quando Salomão escreveu o livro de Cantares ele comparou sua amada a uma égua da carruagem do faraó.
As éguas de Faraó eram tão conhecidas no mundo antigo e tão bem tratadas que tornaram-se símbolos do que de melhor havia na época.

4 de agosto de 2011

Não tenho...


Não tenho, nem nunca tive a intenção de chocar, o que não consigo é abdicar de dizer o que penso, mesmo que por vezes não sejam as coisas mais agradáveis, ou de deixar de lado as minhas dissertações escritas porque não sei viver sem elas.
Acho piada quando ouço dizer que não compreendem, ou até mesmo que acabo por ser excluída de um determinado circulo, precisamente por dizer o que penso, ou por rabiscar por aqui historias e experiências de vida.
E é por isso que hoje tenho a necessidade de fazer uma pequena correcção.
Não são as minhas palavras ou os meus riscos e rabiscos que fazem com que me excluam,
sou eu que me auto-excluo de determinado círculo, porque na verdade prefiro rodear-me de pessoas que tenham a capacidade de domar a sua autonomia, e conquista-la sem que para isso seja necessário aparentar ser uma pessoa que não se é.

(Marisa Martins)

28 de julho de 2011

Saudade



Triste parto
Sonho de um sonho que se desfaz
Dormir, talvez, e não ser mais
Vida que jaz num retrato
De onde me vês, não mais estás.

(Imago Mortis)

SMC - (RIP 26/09/2006)

20 de julho de 2011


Quantas vezes vezes sem motivo nenhum, ouvi teu riso, rindo feliz, como um guizo em tua boca.

E a todo momento, mesmo sem te beijar, eu estava te beijando...
Com as mãos, com os olhos, com o pensamento, numa ansiedade louca.
Nossos olhos, ah meu deus, os nossos olhos...
Eram os meus nos teus e os teus nos meus como olhos que dizem adeus.
Não era adeus no entanto, o que estava vivendo nos meus olhos e nos teus,
Era extase, ternura, infinito langor.
Era uma estranha, uma esquisita mistura de ternura com ternura, em um mesmo olhar de amor.

(Pablo Neruda)

11 de julho de 2011

Vida após a Morte - 4ª Parte


Na vida espiritual, o eu humano está no nível inferior das hierarquias mas os entes superiores o ajudam, influenciam-no e participam na elaboração de um programa que lhe deve permitir progredir numa vida futura, compensar males causados a outrem e enfrentar novas situações.

O "morto" deseja, pois, novas experiências físicas. Prepara uma nova vida terrena, aproveitando a lição e o extrato das vidas anteriores. Aí começa o caminho de retorno à Terra. O eu desce pouco a pouco, percorrendo em sentido inverso regiões percorridas após a morte. Da substância astral universal ele individualiza uma parte, que formará seu corpo astral adequado. Da mesma forma, vestirá um corpo etérico tirado da substancialidade etérica geral e, finalmente, unir-se-á a um germe de corpo físico no momento da fecundação.

Uma nova vida começa. O eu se reencarnou e inicia uma nova série de experiências, preparadas durante a estada nos mundos superiores em colaborarão com as hierarquias superiores e constituindo como que um novo capítulo na corrente das suas encarnações anteriores.

Cada vida aparece, pois, intimamente ligada às vidas anteriores e futuras por um princípio de causalidade espiritual que os hindus chamaram de "Lei do Carma" (destino). Veremos mais tarde o sentido dessa noção, mas podemos entender desde já que não há acaso no fato de um indivíduo nascer em determinado momento, em determinada família, ter uma educação de um certo tipo, encontrar certas pessoas, etc. Há em tudo isso um sentido profundo. Somos nós os artífices do nosso carma, tendo em vista não uma "felicidade" gratuita e efêmera, mas o verdadeiro progresso do nosso eu.

A existência humana aparece, pois, como uma série de vidas interrompidas por épocas de excarnação. São dois estados alternados e ritmicamente opostos como o sono e a vigília.



(Rudolf Lanz)

10 de julho de 2011

Vida após a Morte - 3ª Parte


Inicia-se então uma vida do eu numa região puramente espiritual. Devemos considerar o "espírito" não como um simples conceito ou como uma faculdade humana ("um homem de muito espírito") mas como uma substancialidade sui generis. Assim, uma obra de arte, por exemplo, tem um conteúdo espiritual real, independentemente da sua aparência física sob forma de quadro, escultura ou peça de música. Até mesmo cada pensamento humano é uma realidade espiritual que permanece, e não apenas um ato íntimo sem consequência e sem realidade intrínseca.
Se dissemos que o eu entra a essa altura numa região puramente espiritual, não aludimos a nenhum "lugar" no cosmo, a nenhum "céu". Estamos longe do espaço e do tempo. Contudo o eu vive num ambiente repleto de outros seres espirituais: hierarquias superiores, outros eus de homens "mortos" ou vivos; tudo que tiver realidade na Terra aparece nessa "região" sob forma arquétipa. Os "modelos" ou "ideias" das formas terrestres, os impulsos espirituais que se manifestam na Terra, por exemplo sob forma de guerras, invenções, criações artísticas ou simplesmente pensamentos, constituem o ambiente dessa região espiritual que não pode ser adequadamente descrita por meio de palavras humanas.

O eu convive com essas formas e esses entes, aprendendo, permeando e sendo permeado, irradiando e recebendo, num intercâmbio íntimo e permanente com o seu ambiente. Sua consciência é inteiramente diferente daquela da Terra. Quanto mais evoluído moralmente na Terra, mais intensa será a consciência nessa região espiritual.Ali o eu vive a sua vida passada; julga a si próprio ante o fundo da realidade espiritual. Sente-se como que fazendo parte desse maravilhoso universo, mas sente também que só numa vida terrena lhe é dado progredir a aperfeiçoar-se moralmente. A estada post-mortem nos mundos espirituais é apenas uma fase de "avaliação", de meditação cósmica e de preparo de uma existência futura.Com efeito, o eu sente, após um certo tempo, uma vontade irresistível de voltar à Terra: para reparar, por meio de atos, os efeitos prejudiciais da vida passada, para aprender mais, para evoluir ética e mentalmente, para voltar a encontrar os seres humanos e situações que enfrentou no passado, estabelecendo novas relações e resolvendo problemas que ficaram sem solução. Qualquer situação não resolvida chama por uma solução, e só por um ato terreno pode o eu procurar restabelecer a harmonia violada.
Nesse ínterim, a Terra e os seres humanos na Terra, por seu lado, evoluíram Do alto da sua existência espiritual o eu acompanha essa evolução, participando dela e influenciando-a dentro de certos limites.

(Rudolf Lanz)

9 de julho de 2011

Vida após a Morte - 2ª Parte


Depois de aproximadamente três dias após a morte, o corpo etérico é igualmente deixado "para trás" e se decompõe, pouco a pouco, no plano etérico geral. Todavia, uma espécie de extrato é conservado de uma forma mais ou menos individualizada.

Restam, pois, o eu e o corpo astral, que continuam juntos numa existência caracterizada por uma série de vivências sumamente importantes.

Com efeito, o corpo astral estabeleceu, durante a vida passada, muitos laços com o mundo físico, desenvolvendo desejos, pendores e paixões que não podem mais ser satisfeitos, pois não existe mais corpo físico nem etérico. Na medida em que ultrapassam os impulsos naturais relacionados com as funções de uma vida normal, tais desejos podem deturpar o corpo astral. Este passa a sofrer desses desejos, insaciáveis fora do corpo físico, que experimenta qual uma chama ardente. Daí a imagem do Purgatório, na religião cristã, como um lugar onde se purificam num fogo incandescente os maus instintos e desejos. Encontramos outra imagem no mito de Tântalo, herói grego, que após a sua morte, sofria de uma sede insaciável, embora estivesse na água: no momento de querer haurir o líquido, a água fugia; da mesma forma, a sua fome não podia ser satisfeita: cada vez que queria pegar uma maçã que pendia e sua frente, o galho recuava e a miragem do fruto se afastava.

Como se vê, essas velhas crenças e imagens tem um fundo de verdade que nos faz considerá-las com profundo respeito.


Além desses sofrimentos, o eu possui também a lembrança de todos os atos cometidos, de todos os instintos e paixões desenvolvidos em desobediência és eternas leis espirituais, como consequência de impulsos baixos e maus. Atos e sentimentos de violência, de ódio, de cinismo, são vividos novamente, mas de forma muito mais intensa. O homem que teve tais sentimentos, ou cometeu tais atos, sofre agora como se ele fosse a vítima. Autor de condenáveis ações, descobre que o mal cometido prejudicou não somente a vítima direta, mas a si próprio.
Essa "apresentação de contas" traz outro grande sofrimento nesse período post-mortem cuja duração é de aproximadamente um terço da vida passada (ela corresponde, mais exatamente, a soma do tempo passado em sono: de fato o homem dorme em cada 24 hora mais ou menos 8 horas, ou seja, um terço). Um fato curioso e que a experiência da vida passada é realizada de maneira retrógrada, começando pela morte e prosseguindo até o nascimento.

O ocultismo hindu deu a esse "purgatório" a denominação de kama-loka.

Os desejos espúrios e as aberrações são, por assim dizer, "queimados" ou purificados durante essa evolução. Mas o homem conserva uma imensa vontade de reparar e sanar o mal cometido e aspira a uma oportunidade de fazê-lo.

Somente após esse período fica o eu livre das impurezas anímicas que lhe aparecem personificadas como seres fora dele mesmo (imagens de dragões e animais horríveis em muitos contos de fada). Ele deixa atrás de si o corpo astral, que se desintegra no mundo também astral, ficando apenas como uma espécie de extrato que acompanhará sua peregrinação futura.

(Rudolf Lanz)

8 de julho de 2011

Vida após a Morte - 1ª Parte


Durante o sono, o eu e o corpo astral "abandonam" o corpo físico deixando dentro deste apenas o corpo etérico; em consequência disso, o corpo físico permanece vivo. No momento da morte, o eu, o corpo astral e o corpo etérico separam-se do envoltório físico. Este se torna "cadáver", matéria sem vida, e passa a seguir as leis físico químicas do mundo mineral; estas destroem a forma do corpo, que rapidamente se decompõe.


Na vida, a simples presença do corpo físico com os instrumentos físicos do cérebro e dos sentidos impediu a percepção do conjunto das impressões e experiências conservadas no corpo etérico como "memória". Ao deixar o corpo físico, desaparece essa barreira e o eu se encontra subitamente em presença da totalidade dessa "memória". Em grandiosos panoramas aparece-lhe toda a vida passada, sem a dimensão do tempo: o corpo etérico, possuidor dessas imagens, é quem, nesta altura, apresenta-as ao eu.

Separações parciais e momentâneas do eu e do corpo etérico podem ser observadas também durante a vida em caso de choques, acidentes, ou em estados extremos de debilidade vital. Nesses casos a separação não é suficiente para provocar a morte, mas basta para proporcionar ao indivíduo uma experiência parecida com aquela que todos nós temos depois da "morte": muitas pessoas salvas de afogamento ou de uma queda na montanha contam que, numa fração de segundos, apareceu-lhes a vida inteira, em todos os seus detalhes, como num filme.

Um afrouxamento gradual dos laços que unem o eu com o corpo etérico é verificado também em casos de doença em pessoas idosas. Aparecem-lhes pequenas partes da grande vista panorâmica acima descrita, de uma maneira nebulosa e pouco consciente. Essas pessoas lembram-se de detalhes da sua vida pregressa, em particular da sua infância, os quais durante muitos decênios tinham caído no mais completo esquecimento. Enquanto os velhos, em geral, são incapazes de memorizar fatos novos, a memória de acontecimentos remotos torna-se cada vez mais clara.

(Rudolf Lanz)

1 de julho de 2011

A Sacerdotisa


Símbolo da sabedoria, conhecimento e intuição femininos, fala de assuntos secretos que podem ou não vir a tona para que a situação possa evoluir. É o lado oculto da mulher.

O Arcano II se refere ao um momento de descoberta da própria essência através da introspecção e com isto a auto-afirmação.

A Sacerdotisa ouve sua voz íntima, sente o mistério, enxerga além do óbvio, mergulha em sua “área fechada” para ter consciência de si mesma e da realidade que a cerca. Ela segura nas mãos o pergaminho que é símbolo da sabedoria, a lua se refere à intuição, um dom que lhe pertence, o caldeirão aos seus pés é um antigo símbolo da magia, ela lembra uma mãe, mas também o poder misterioso e fertilizante da mulher. Tudo o que ela planta, dá frutos.

27 de junho de 2011

Quero que saibas uma coisa



Tu sabes como é:
se olho a lua de cristal,
os galhos vermelhos do outono em minha janela,
se toco junto ao fogo as impalpáveis cinzas
no corpo retorcido da lenha,
tudo me leva a ti,
como se tudo o que existe:
aromas, luz, metais,
fossem pequenos barcos que navegam
em direção às ilhas tuas que esperam por mim.

Agora, bem,
se pouco a pouco tu deixares de me querer
pararei de te querer
pouco a pouco.

Se de repente me esqueceres
não me procure,
pois já terei te esquecido.

Se consideras violento e louco o vento das bandeiras que passa por minha vida
e decidires me deixar às margens do coração no qual tenho raízes,
lembra-te
que nesta dia,
a esta hora
levantarei os braços e minhas raízes partirão em busca de outra terra.

Mas
se em cada dia,
cada hora,
sentires que a mim estás destinado com implacável doçura,
se em cada dia levantares uma flor em teus lábios para me buscares,
oh meu amor, oh minha vida,
em mim todo esse fogo se reacenderá,
em mim nada se apaga ou se esquece,
meu amor se nutre do seu, amado,
e enquanto viveres
estará em teus braços
sem deixar os meus.

(Pablo Neruda)

20 de junho de 2011

Retrato de Mulher



Seu velado sorriso fertiliza
a paisagem estéril ao fundo
de seus olhos insinuantes
agitam meu oceano libídico.

A ausência de rosas, dálias,
papoulas, margaridas…
de flores não afasta de você
a primavera, mesmo após várias luas.

O retrato perde-se na moldura,
mas a mulher é o abismo de aromas,
corredor presente de vôos possíveis
onde debilmente macho
tateio meu futuro infantil.

Em suas fontes, matas,
montes e curvas de além-mar,
dedilho, navegante, a música de
toda minha existência.

(Carlos J. Tavares Gomes)

17 de junho de 2011


"Eu sabia que estava sendo amada, talvez como nunca em toda a minha vida. Mas absolutamente incrível. Só ele conheceu uma mulher corajosa que admitiu todos os medos, todas as neuroses, todas as inseguranças, toda a parte feia e real que todo mundo quer esconder com chapinhas, peitos falsos, bundas falsas, bebidas, poses, frases de efeito, saltos altos, maquiagem e risadas altas. Ninguém nunca me viu tão nua e transparente como você, ninguém nunca soube do meu medo de nadar em lugares muito profundos, de amar demais, de se perder um pouco de tanto amar, de não ser boa o suficiente. Só ele viu meu corpo de verdade, minha alma de verdade, meu prazer de verdade, meu choro baixinho embaixo da coberta com medo de não ser bonita e inteligente. Só para ele eu me desmontei inteira porque confiei que ele me amaria mesmo eu sendo desfigurada, intensa e verdadeira, como um quadro do Picasso. Quero que ele veja o quanto mudei por causa dele.

(Tati Bernardi)

12 de junho de 2011

J'ai Fait Une Promesse




La, vois, le saule s'incline dessus du ruisseau,
comme une personne qui se descend, criant pour l'amant

La, vois, le saule s'incline dessus du ruisseau,
comme une personne qui se descend, criant pour l'amant

Me rapelle d'automne, presse dans ton reverence,
je m'ai engagee
je m'ai engagee
je m'ai engagee
a vous...

je m'ai engagee
je m'ai engagee
I pledged myself to you.


Lyric in english:


The way that the willow bows over the stream

Like a mourner crying for their loved one

Reminds me of last fall

When on one knee,
I pledged myself to you



(Anathema)

8 de junho de 2011

Tu...



...eras também uma pequena folha

que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.


(Pablo Neruda)

6 de junho de 2011

Depois de tantas buscas...



Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo acessando, vez ou outra, lugares da memória que eu adoraria que fossem inacessíveis, tristezas que não cicatrizaram, padrões que eu ainda não soube transformar, embora continue me empenhando para conseguir.

(Ana Jácomo)