28 de julho de 2011

Saudade



Triste parto
Sonho de um sonho que se desfaz
Dormir, talvez, e não ser mais
Vida que jaz num retrato
De onde me vês, não mais estás.

(Imago Mortis)

SMC - (RIP 26/09/2006)

20 de julho de 2011


Quantas vezes vezes sem motivo nenhum, ouvi teu riso, rindo feliz, como um guizo em tua boca.

E a todo momento, mesmo sem te beijar, eu estava te beijando...
Com as mãos, com os olhos, com o pensamento, numa ansiedade louca.
Nossos olhos, ah meu deus, os nossos olhos...
Eram os meus nos teus e os teus nos meus como olhos que dizem adeus.
Não era adeus no entanto, o que estava vivendo nos meus olhos e nos teus,
Era extase, ternura, infinito langor.
Era uma estranha, uma esquisita mistura de ternura com ternura, em um mesmo olhar de amor.

(Pablo Neruda)

11 de julho de 2011

Vida após a Morte - 4ª Parte


Na vida espiritual, o eu humano está no nível inferior das hierarquias mas os entes superiores o ajudam, influenciam-no e participam na elaboração de um programa que lhe deve permitir progredir numa vida futura, compensar males causados a outrem e enfrentar novas situações.

O "morto" deseja, pois, novas experiências físicas. Prepara uma nova vida terrena, aproveitando a lição e o extrato das vidas anteriores. Aí começa o caminho de retorno à Terra. O eu desce pouco a pouco, percorrendo em sentido inverso regiões percorridas após a morte. Da substância astral universal ele individualiza uma parte, que formará seu corpo astral adequado. Da mesma forma, vestirá um corpo etérico tirado da substancialidade etérica geral e, finalmente, unir-se-á a um germe de corpo físico no momento da fecundação.

Uma nova vida começa. O eu se reencarnou e inicia uma nova série de experiências, preparadas durante a estada nos mundos superiores em colaborarão com as hierarquias superiores e constituindo como que um novo capítulo na corrente das suas encarnações anteriores.

Cada vida aparece, pois, intimamente ligada às vidas anteriores e futuras por um princípio de causalidade espiritual que os hindus chamaram de "Lei do Carma" (destino). Veremos mais tarde o sentido dessa noção, mas podemos entender desde já que não há acaso no fato de um indivíduo nascer em determinado momento, em determinada família, ter uma educação de um certo tipo, encontrar certas pessoas, etc. Há em tudo isso um sentido profundo. Somos nós os artífices do nosso carma, tendo em vista não uma "felicidade" gratuita e efêmera, mas o verdadeiro progresso do nosso eu.

A existência humana aparece, pois, como uma série de vidas interrompidas por épocas de excarnação. São dois estados alternados e ritmicamente opostos como o sono e a vigília.



(Rudolf Lanz)

10 de julho de 2011

Vida após a Morte - 3ª Parte


Inicia-se então uma vida do eu numa região puramente espiritual. Devemos considerar o "espírito" não como um simples conceito ou como uma faculdade humana ("um homem de muito espírito") mas como uma substancialidade sui generis. Assim, uma obra de arte, por exemplo, tem um conteúdo espiritual real, independentemente da sua aparência física sob forma de quadro, escultura ou peça de música. Até mesmo cada pensamento humano é uma realidade espiritual que permanece, e não apenas um ato íntimo sem consequência e sem realidade intrínseca.
Se dissemos que o eu entra a essa altura numa região puramente espiritual, não aludimos a nenhum "lugar" no cosmo, a nenhum "céu". Estamos longe do espaço e do tempo. Contudo o eu vive num ambiente repleto de outros seres espirituais: hierarquias superiores, outros eus de homens "mortos" ou vivos; tudo que tiver realidade na Terra aparece nessa "região" sob forma arquétipa. Os "modelos" ou "ideias" das formas terrestres, os impulsos espirituais que se manifestam na Terra, por exemplo sob forma de guerras, invenções, criações artísticas ou simplesmente pensamentos, constituem o ambiente dessa região espiritual que não pode ser adequadamente descrita por meio de palavras humanas.

O eu convive com essas formas e esses entes, aprendendo, permeando e sendo permeado, irradiando e recebendo, num intercâmbio íntimo e permanente com o seu ambiente. Sua consciência é inteiramente diferente daquela da Terra. Quanto mais evoluído moralmente na Terra, mais intensa será a consciência nessa região espiritual.Ali o eu vive a sua vida passada; julga a si próprio ante o fundo da realidade espiritual. Sente-se como que fazendo parte desse maravilhoso universo, mas sente também que só numa vida terrena lhe é dado progredir a aperfeiçoar-se moralmente. A estada post-mortem nos mundos espirituais é apenas uma fase de "avaliação", de meditação cósmica e de preparo de uma existência futura.Com efeito, o eu sente, após um certo tempo, uma vontade irresistível de voltar à Terra: para reparar, por meio de atos, os efeitos prejudiciais da vida passada, para aprender mais, para evoluir ética e mentalmente, para voltar a encontrar os seres humanos e situações que enfrentou no passado, estabelecendo novas relações e resolvendo problemas que ficaram sem solução. Qualquer situação não resolvida chama por uma solução, e só por um ato terreno pode o eu procurar restabelecer a harmonia violada.
Nesse ínterim, a Terra e os seres humanos na Terra, por seu lado, evoluíram Do alto da sua existência espiritual o eu acompanha essa evolução, participando dela e influenciando-a dentro de certos limites.

(Rudolf Lanz)

9 de julho de 2011

Vida após a Morte - 2ª Parte


Depois de aproximadamente três dias após a morte, o corpo etérico é igualmente deixado "para trás" e se decompõe, pouco a pouco, no plano etérico geral. Todavia, uma espécie de extrato é conservado de uma forma mais ou menos individualizada.

Restam, pois, o eu e o corpo astral, que continuam juntos numa existência caracterizada por uma série de vivências sumamente importantes.

Com efeito, o corpo astral estabeleceu, durante a vida passada, muitos laços com o mundo físico, desenvolvendo desejos, pendores e paixões que não podem mais ser satisfeitos, pois não existe mais corpo físico nem etérico. Na medida em que ultrapassam os impulsos naturais relacionados com as funções de uma vida normal, tais desejos podem deturpar o corpo astral. Este passa a sofrer desses desejos, insaciáveis fora do corpo físico, que experimenta qual uma chama ardente. Daí a imagem do Purgatório, na religião cristã, como um lugar onde se purificam num fogo incandescente os maus instintos e desejos. Encontramos outra imagem no mito de Tântalo, herói grego, que após a sua morte, sofria de uma sede insaciável, embora estivesse na água: no momento de querer haurir o líquido, a água fugia; da mesma forma, a sua fome não podia ser satisfeita: cada vez que queria pegar uma maçã que pendia e sua frente, o galho recuava e a miragem do fruto se afastava.

Como se vê, essas velhas crenças e imagens tem um fundo de verdade que nos faz considerá-las com profundo respeito.


Além desses sofrimentos, o eu possui também a lembrança de todos os atos cometidos, de todos os instintos e paixões desenvolvidos em desobediência és eternas leis espirituais, como consequência de impulsos baixos e maus. Atos e sentimentos de violência, de ódio, de cinismo, são vividos novamente, mas de forma muito mais intensa. O homem que teve tais sentimentos, ou cometeu tais atos, sofre agora como se ele fosse a vítima. Autor de condenáveis ações, descobre que o mal cometido prejudicou não somente a vítima direta, mas a si próprio.
Essa "apresentação de contas" traz outro grande sofrimento nesse período post-mortem cuja duração é de aproximadamente um terço da vida passada (ela corresponde, mais exatamente, a soma do tempo passado em sono: de fato o homem dorme em cada 24 hora mais ou menos 8 horas, ou seja, um terço). Um fato curioso e que a experiência da vida passada é realizada de maneira retrógrada, começando pela morte e prosseguindo até o nascimento.

O ocultismo hindu deu a esse "purgatório" a denominação de kama-loka.

Os desejos espúrios e as aberrações são, por assim dizer, "queimados" ou purificados durante essa evolução. Mas o homem conserva uma imensa vontade de reparar e sanar o mal cometido e aspira a uma oportunidade de fazê-lo.

Somente após esse período fica o eu livre das impurezas anímicas que lhe aparecem personificadas como seres fora dele mesmo (imagens de dragões e animais horríveis em muitos contos de fada). Ele deixa atrás de si o corpo astral, que se desintegra no mundo também astral, ficando apenas como uma espécie de extrato que acompanhará sua peregrinação futura.

(Rudolf Lanz)

8 de julho de 2011

Vida após a Morte - 1ª Parte


Durante o sono, o eu e o corpo astral "abandonam" o corpo físico deixando dentro deste apenas o corpo etérico; em consequência disso, o corpo físico permanece vivo. No momento da morte, o eu, o corpo astral e o corpo etérico separam-se do envoltório físico. Este se torna "cadáver", matéria sem vida, e passa a seguir as leis físico químicas do mundo mineral; estas destroem a forma do corpo, que rapidamente se decompõe.


Na vida, a simples presença do corpo físico com os instrumentos físicos do cérebro e dos sentidos impediu a percepção do conjunto das impressões e experiências conservadas no corpo etérico como "memória". Ao deixar o corpo físico, desaparece essa barreira e o eu se encontra subitamente em presença da totalidade dessa "memória". Em grandiosos panoramas aparece-lhe toda a vida passada, sem a dimensão do tempo: o corpo etérico, possuidor dessas imagens, é quem, nesta altura, apresenta-as ao eu.

Separações parciais e momentâneas do eu e do corpo etérico podem ser observadas também durante a vida em caso de choques, acidentes, ou em estados extremos de debilidade vital. Nesses casos a separação não é suficiente para provocar a morte, mas basta para proporcionar ao indivíduo uma experiência parecida com aquela que todos nós temos depois da "morte": muitas pessoas salvas de afogamento ou de uma queda na montanha contam que, numa fração de segundos, apareceu-lhes a vida inteira, em todos os seus detalhes, como num filme.

Um afrouxamento gradual dos laços que unem o eu com o corpo etérico é verificado também em casos de doença em pessoas idosas. Aparecem-lhes pequenas partes da grande vista panorâmica acima descrita, de uma maneira nebulosa e pouco consciente. Essas pessoas lembram-se de detalhes da sua vida pregressa, em particular da sua infância, os quais durante muitos decênios tinham caído no mais completo esquecimento. Enquanto os velhos, em geral, são incapazes de memorizar fatos novos, a memória de acontecimentos remotos torna-se cada vez mais clara.

(Rudolf Lanz)

1 de julho de 2011

A Sacerdotisa


Símbolo da sabedoria, conhecimento e intuição femininos, fala de assuntos secretos que podem ou não vir a tona para que a situação possa evoluir. É o lado oculto da mulher.

O Arcano II se refere ao um momento de descoberta da própria essência através da introspecção e com isto a auto-afirmação.

A Sacerdotisa ouve sua voz íntima, sente o mistério, enxerga além do óbvio, mergulha em sua “área fechada” para ter consciência de si mesma e da realidade que a cerca. Ela segura nas mãos o pergaminho que é símbolo da sabedoria, a lua se refere à intuição, um dom que lhe pertence, o caldeirão aos seus pés é um antigo símbolo da magia, ela lembra uma mãe, mas também o poder misterioso e fertilizante da mulher. Tudo o que ela planta, dá frutos.