28 de julho de 2010

Lembranças




"Por mais longa que seja nossa existencia, temos nossas lembranças. Pontos no tempo que o próprio tempo não consegue apagar. O sofrimento pode deturpar meus vislumbres do passado, mas mesmo diante do sofrimento algumas lembranças se recusam a perder, seja o que for de sua beleza ou de seu esplendor. Pelo contrário, elas permanecem sólidas como pedras preciosas."
(Anne Rice)
À
S. M. C. - RIP 25/09/2006

20 de julho de 2010

A tempestade



Pássaro e o homem tem essências diferentes.

O homem vive à sombra de leis e tradições por ele inventadas;

O pássaro vive segundo a lei universal que faz girar os mundos.



Acreditar é uma coisa; viver conforme o que se acredita é outra.

Muitos falam como o mar, mas vivem como os pântanos.

Muitos levantam a cabeça acima dos montes;

mas sua alma jaz nas trevas das cavernas.



A civilização é uma arvore idosa e carcomida,

cujas flores são a cobiça e o engano e cujas frutas

são a infelicidade e o desassossego.



Deus criou os corpos para serem os templos das almas.

Devemos cuidar desses templos para que sejam

dignos da divindade que neles mora.



Procurei a solidão para fugir dos homens, de suas leis,

de suas tradições e de seu barulho.

Os endinheirados pensam que o sol e a lua e as estrelas se levantam

dos seus cofres e se deitam nos seus bolsos.

Os políticos enchem os olhos dos povos com poeira

dourada e seus ouvidos com falsas promessas.

Os sacerdotes aconselham os outros,

mas não aconselham a si mesmos,

e exigem dos outros o que não exigem de si mesmos.

Vã é a humanidade. E tudo o que está nela é vão.



Uma coisa só merece nosso amor e nossa dedicação, uma coisa só...

É o despertar de algo no fundo dos fundos da alma.

Quem o sente não o pode expressar em palavras.

E quem não o sente, não poderá nunca conhecê-lo através de palavras.

Faço votos para que aprendas a amar as tempestades em vez de fugir delas.

(Gibran)

Ser HUMANO?
Podemos ser muito mais que isto.

By Morgana

12 de julho de 2010

Num dia como hoje, por exemplo:



"A chuva cai, diz coisas sonolentas, coisas tristes, num ar vagamente sonâmbulo de quem já não sofre, num ar morno de suprema lassidão, de suprema renúncia, como quem se resigna a todas as misérias, como quem se resigna a todas as cobardias. Parece que a chuva diz rezas, rezas frias, murmuradas por lábios frios num frio claustro de convento. Parece que a chuva fria fala num delírio incessante, febrilmente vago, num salmear inconsciente, como quem vai morrer. Eu não sei se V. tem sentido a nostalgia destes dias assim, mas eles evocam em mim a tragédia das almas que se calam, das que já não se queixam, das almas galvanizadas na angustiosa tormenta de impossíveis sonhados um dia e nunca realizados. Quando nesses dias eu olho as planícies vastas, tenho medo de ver, insensivelmente, transformar-se meu olhar no olhar espectralmente parado das estátuas. Então agito-me, sacudo-me, falo alto, canto como as crianças que têm medo das sombras imóveis das árvores numa estrada deserta. Tudo é grande, tudo parece fugir, fugir sempre ao longe, como aqueles fantásticos castelos de brumas, onde ninguém chegava nunca – a chuva continua a dizer sempre a mesma coisa, a embalar o tempo que adormeceu agora..."
Florbela Espanca - (5/1/1920)


"Coloque a lealdade e a confiança acima de qualquer coisa; não te alies aos moralmente inferiores; não receies corrigir teus erros."
Confúcio

9 de julho de 2010

Uma Extraordinária Aventura



A tarde ardia em cem sóis
O verão rolava em julho.
O calor se enrolava no ar e nos lençóis
da data onde eu estava,
Na colina de Púchkino, corcunda,
o monte Akula, e ao pé do monte
a aldeia enruga a casca dos telhados.
E atrás da aldeia,um buraco
e no buraco, todo dia,
o mesmo ato:

o sol descia
lento e exato
E de manhã
outra vez
por toda a parte
lá estava o sol
escarlate.
Dia após dia

Isto
começou a irritar-me
terrivelmente.
Um dia me enfureço a tal ponto
que, de pavor, tudo empalidece.
E grito ao sol, de pronto:

- Desce!

- Chega de vadiar nessa fornalha!

E grito ao sol:

- Parasita!

- Você aí, a flanar pelos ares,
e eu aqui, cheio de tinta,
com a cara nos cartazes!

E grito ao sol:

- Espere!

- Ouça, topete de ouro,
e se em lugar
desse ocaso de paxá
você baixar em casa
para um chá?

Que mosca me mordeu!
É o meu fim!

Para mim
sem perder tempo
o sol alargando os raios-passos
avança pelo campo.

Não quero mostrar medo.
Recuo para o quarto.
Seus olhos brilham no jardim.
Avançam mais.
Pelas janelas,
pelas portas,
pelas frestas
a massa solar vem abaixo
e invade a minha casa.

Recobrando o fôlego,
me diz o sol com a voz de baixo:

- Pela primeira vez recolho o fogo,
desde que o mundo foi criado.
Você me chamou?
Apanhe o chá,
pegue a compota, poeta!

Lágrimas na ponta dos olhos
o calor me fazia desvairar, eu lhe mostro
o sofá:

- Pois bem,
sente-se, astro!

Quem me mandou berrar ao sol
insolências sem conta?

Contrafeito
me sento numa ponta
do banco e espero a conta
com um frio no peito.

Mas uma estranha claridade
fluía sobre o quarto
e esquecendo os cuidados
começo pouco a pouco
a palestrar com o astro.

Falo disso e daquilo,
como me cansa o trabalho,
etc.

E o sol:

- Está certo,
mas não se desgoste,
não pinte as coisas tão pretas.
E eu? Você pensa
que brilhar
é fácil?
Prove, pra ver!
Mas quando se começa
é preciso prosseguir
e a gente vai e brilha pra valer!

Conversamos até a noite
ou até o que, antes, eram trevas.
Como falar, ali, de sombras?
Ficamos íntimos,
os dois.
Logo,com desassombro
estou batendo no seu ombro.
E o sol, por fim:

- Somos amigos
pra sempre, eu de você,
você de mim.
Vamos, poeta,
cantar,luzir
no lixo cinza do universo.
Eu verterei o meu sol
e você o seu
com seus versos.

- O muro das sombras,
prisão das trevas,
desaba sob o obus
dos nossos sóis de duas bocas.
Confusão de poesia e luz,
chamas por toda a parte.

- Se o sol se cansa
e a noite lenta
quer ir pra cama,
marmota sonolenta,
eu, de repente,
inflamo a minha flama
e o dia fulge novamente.

Brilhar para sempre,
brilhar como um farol,
brilhar com brilho eterno,
Gente é pra brilhar
que tudo o mais vá prá o inferno,
este é o meu slogan
e o do sol.



(Vladimir Maiakóvski)

5 de julho de 2010

Mundos Infinitos




A cada instante a voz do amor nos circunda e partimos em direção ao céu profundo.
Por que deter-se a olhar ao redor? Já estivemos antes por esses espaços e até os anjos os reconhecem.
Retornemos ao mestre, que é lá nosso lugar.
Estamos acima das esferas celestes, somos superiores aos próprios anjos.
Além da dualidade nossa meta é a glória suprema.
Quão distante está o mundo terreno do reino da pura substância?
Por que descemos tanto? Apanhemos nossas coisas e subamos mais uma vez
Sorte não nos faltará ao entregarmos de novo nossas almas.
Nossa caravana tem por guia Mustafá, a glória do mundo.
Ao contemplar sua face a lua partiu-se em dois pedaços.
Não pôde suportar tanta beleza e fez-se feliz mendicante frente àquela riqueza.
A doçura que o vento nos traz é o perfume de seus cabelos.
A face que traz consigo a luz do dia reflete o brilho de seus pensamentos.
Olha bem dentro de teu coração e vê a lua que se despedaça.
Por que teus olhos ainda fogem dessa visão maravilhosa?
O homem emerge do oceano da alma como os pássaros do mar.
Como há de ser terra seca o lugar do descanso final de uma ave nascida nesse mar?
Somos pérolas desse oceano. A ele pertencemos. Cada um de nós.
Seguimos o movimento das ondas que se arrastam até a terra e então retornam ao mar.
E eis que surge a última onda e arremessa o navio do corpo à terra.
E quando essa onda regressa naufraga a alma em seu oceano.
E este é o momento da união.

Rumi - Poema Místico do Oriente

2 de julho de 2010

A Torre


A carta A Torre ou também conhecida por A Casa de Deus anuncia eventos inesperados, que algo irá mudar ou provocar uma transformação súbita. Esta é normalmente uma transformação externa, algo que vem de fora que nos influencia diretamente e que pode libertar a nossa visão sobre determinados assuntos.

A Torre representa as fundações que foram construidas, a estrutura sobre a qual assenta a vida.

Como pode ver por esta carta, o seu simbolismo arquétipo representa uma torre cujos quartos se encontram em chamas, indicando-lhe que muitas das coisas que mantém guardadas nesses quartos devem ser lançadas fora o quanto antes, emoções antigas, sentimentos destroçados e preconceitos.

Esta carta diz que atualmente esses quartos são os piores inimigos para alcançar os objetivos. O relâmpago que atinge a alto da torre representa a necessidade de mudança, que algo deve ser mudado com urgência. Deve seguir em frente e lançar fora os sentimentos antigos que o estão a reter.

Normalmente esta carta representa sempre uma influência externa que surge ou que ainda irá surgir na vida, entretanto se é uma carta na situação Presente ou Futuro, e pode estar relacionado com alguém ou algum conjunto de circunstâncias sobre as quais não tem qualquer tipo de controle. Esta libertação que vem de fora poderá ser agradável ou desconfortável mas é sempre necessária para o ajudar a libertar-se e seguir em frente.

Como carta de Obstáculo, o XVI Arcano do Tarot interpreta a falta de aceitação em visualizar a realidade e proceder à limpeza das emoções e sentimentos tão necessários à felicidade.

A Torre no geral representa as fundações da vida.

(Texto retirado da net)