4 de abril de 2013

O Mundo




O Mundo e a Totalidade


Uma das cartas mais “cobiçadas” do Tarô, o Mundo - Carta /Arcano de número 21 - normalmente traz em sua simbologia um aspecto de elevação, abertura, suavidade e felicidade. O que as pessoas às vezes esquecem, é que por ser a última carta numerada do Tarô, o Mundo traz em si um conteúdo de muita evolução e ao mesmo tempo um extremo desprendimento, peculiares aos momentos que representam o fim de um ciclo e preparação para um novo começo.

É comum as pessoas ficarem empolgadas com o surgimento desta carta num jogo, pois, teoricamente, ela traz boas notícias. Porém, se trata de um Arcano absolutamente evolutivo e elevado, naturalmente carrega em si incumbências sérias e profundas ao mesmo tempo. Para quem se encontra representado por esta carta, o sofrimento não existe – apenas uma sensação de consciência (impressionante) que a faz realizar o que for preciso para crescer na vida, melhorar seu padrão, evoluir seu universo e também o seu dia a dia.

Mas lidar com esse período é um pouco mais complexo. Podemos analisar isso quando conhecemos alguém que está vivenciando essas características. A pessoa fica mais consciente, desapegada, em constante transformação – externa e interna – que gera a sensação (e o receio) do desconhecido em quem a observa. Normalmente, percebemos nesse estágio que os sentimentos existem, mas, se for preciso continuamos nossa vida perfeitamente sem termos que materializá-los. O mesmo ocorre com os pensamentos, que ficam mais claros e íntegros, provocando em nós o desejo (real) de crescermos e sabermos que nem todas as pessoas poderão nos acompanhar. Entendemos, também, que a matéria pode ser mudada, pode ser melhorada e aprendemos a nos desapegar de objetos, situações e (até) pessoas para que todos sejam mais felizes. Todo esse processo, naturalmente, acaba elevando nosso espírito e nos preparando para um futuro recomeço, mais leves e prontos para o que ainda precisamos aprender.

É por esse motivo que a carta traz tanta evolução e ao mesmo tempo complexidade – pois a integridade não mora na estagnação - e, lidar com esse processo nem sempre é agradável (principalmente para quem não está no mesmo estágio). É possível, obviamente, entender, mas nem por isso se torna fácil.
Por isso um conceito acaba virando fato: o processo de crescimento não dói em quem cresce, mas sim nas pessoas que estão vendo o crescimento do outro. A dor, para nós, se dá quando relutamos com a evolução, porém uma vez dentro dela, sofre quem vê do lado de fora. E o mais interessante é que a pessoa que evolui sabe disso, apesar de ter a consciência de que não pode (e nem deve) parar o seu momento para acalentar o medo da perda nas pessoas. Isso não as ajudaria verdadeiramente.

Viver esse degrau não é somente uma arte, mas um dos aprendizados mais belos. Porém, ao contrário do que se imagina, não ocorre magicamente de um dia pro outro… requer muita consciência, preparação e principalmente entendimento aliados à integridade. Essa combinação gera a totalidade do ser humano, que em breve, será também abandonada para possibilitar a vivência de um novo ciclo, um novo e inusitado (re) começo.

Por Kelma Mazziero (Taróloga e Terapeuta)
Membro do ITS (International Tarot Society);
Taróloga Profissional reconhecida pelo ATA - American Tarot Association; CRT 31440