9 de julho de 2011

Vida após a Morte - 2ª Parte


Depois de aproximadamente três dias após a morte, o corpo etérico é igualmente deixado "para trás" e se decompõe, pouco a pouco, no plano etérico geral. Todavia, uma espécie de extrato é conservado de uma forma mais ou menos individualizada.

Restam, pois, o eu e o corpo astral, que continuam juntos numa existência caracterizada por uma série de vivências sumamente importantes.

Com efeito, o corpo astral estabeleceu, durante a vida passada, muitos laços com o mundo físico, desenvolvendo desejos, pendores e paixões que não podem mais ser satisfeitos, pois não existe mais corpo físico nem etérico. Na medida em que ultrapassam os impulsos naturais relacionados com as funções de uma vida normal, tais desejos podem deturpar o corpo astral. Este passa a sofrer desses desejos, insaciáveis fora do corpo físico, que experimenta qual uma chama ardente. Daí a imagem do Purgatório, na religião cristã, como um lugar onde se purificam num fogo incandescente os maus instintos e desejos. Encontramos outra imagem no mito de Tântalo, herói grego, que após a sua morte, sofria de uma sede insaciável, embora estivesse na água: no momento de querer haurir o líquido, a água fugia; da mesma forma, a sua fome não podia ser satisfeita: cada vez que queria pegar uma maçã que pendia e sua frente, o galho recuava e a miragem do fruto se afastava.

Como se vê, essas velhas crenças e imagens tem um fundo de verdade que nos faz considerá-las com profundo respeito.


Além desses sofrimentos, o eu possui também a lembrança de todos os atos cometidos, de todos os instintos e paixões desenvolvidos em desobediência és eternas leis espirituais, como consequência de impulsos baixos e maus. Atos e sentimentos de violência, de ódio, de cinismo, são vividos novamente, mas de forma muito mais intensa. O homem que teve tais sentimentos, ou cometeu tais atos, sofre agora como se ele fosse a vítima. Autor de condenáveis ações, descobre que o mal cometido prejudicou não somente a vítima direta, mas a si próprio.
Essa "apresentação de contas" traz outro grande sofrimento nesse período post-mortem cuja duração é de aproximadamente um terço da vida passada (ela corresponde, mais exatamente, a soma do tempo passado em sono: de fato o homem dorme em cada 24 hora mais ou menos 8 horas, ou seja, um terço). Um fato curioso e que a experiência da vida passada é realizada de maneira retrógrada, começando pela morte e prosseguindo até o nascimento.

O ocultismo hindu deu a esse "purgatório" a denominação de kama-loka.

Os desejos espúrios e as aberrações são, por assim dizer, "queimados" ou purificados durante essa evolução. Mas o homem conserva uma imensa vontade de reparar e sanar o mal cometido e aspira a uma oportunidade de fazê-lo.

Somente após esse período fica o eu livre das impurezas anímicas que lhe aparecem personificadas como seres fora dele mesmo (imagens de dragões e animais horríveis em muitos contos de fada). Ele deixa atrás de si o corpo astral, que se desintegra no mundo também astral, ficando apenas como uma espécie de extrato que acompanhará sua peregrinação futura.

(Rudolf Lanz)

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