22 de agosto de 2010

Soneto de Ofélia




Lírio do val perdido na corrente,
Sigo formosa e fria entre outros lírios...

Na cabeça,
uma c’roa de martírios;

Nos olhos virginais,
a paz silente.

As estrelas virão acender círios
No fundo deste leito,
suavemente:

E a lua beijar-me-á,
calma e dolente,
A lua que abençoou os meus delírios.

Que venha o vago luar que anda nas covas
Atorçalar-me a fronte,
onde vagueia
O beijo etéreo e trágico de Hamleto...

Formosa como vou,
com flores novas
Beijando a minha cor de lua-cheia.


O Príncipe ter-me-á Eterno Afeto.



(Alphonsus de Guimaraens)

17 de agosto de 2010

Desejo



Desejo
Quando a luz do teu olhar
Perpassa sobre o meu corpo.

Nu...

Quando os teus dedos longos
Acariciam a minha pele
Envolvendo-me
Num sentimento rico,

Infinito...

Quando os teus músculos
Contraem-se sob mim,
Elevando-me às estrelas,

À lua, ao prazer...

Quando sorvo o teu sêmen
Doce
Entre carícias e afagos...

Sinto que te amo!

Enlouqueço ao pensar
Que vais partir
Levando contigo
Toda a beleza do teu corpo,

Da tua alma.

Sinto que te amo
E tenho ganas de gritar,

Ao mundo,
Todo o meu amor,
Entregando-te a minha vida
Para suprir a tua
Nas carências do teu coração.

Desejo o teu calor
Abrasante,
Queimando as minhas mucosas
E ardendo-me de prazer...

Desejo a tua voz,
O teu sorriso,
O teu amor...

Desejo você,

Todo.

Sem mistérios,sem afrontas,
Simplesmente...

Quero envolver-te em meus braços
Fazer-te líquido
Na solidez dos meus carinhos,

Sorver-te por inteiro
E saborear o teu gozo
Sedenta de amor.


(Amélia Rodrigues)



13 de agosto de 2010

As Deusas Devoradoras das Américas - Parte 4 - RELIGIÃO da OBSIDIANA

Os sacrifícios humanos realizados, não eram somente para garantir a fertilidade da terra, mas demonstram claramente o terror que a consciência masculina tinha pelo lado obscuro, feminino, noturno do inconsciente. Eles consistiam em arrancar o coração da vítima ainda viva, pelo esquartejamento ou decapitação. Estas mortes são oriundas, como no Egito, de um estrato matriarcal ultrapassado, cujos vestígios ainda podem ser detectados no mito asteca e nos seus ritos, como no "circuito austral do inferno" em que se praticava o degolamento e o desmembramento.

Esta necessidade de fecundar a terra feminina com sangue constela o Grande Feminino como terrível, esquartejadora e mortífera. Este é o motivo pelo qual a grande divindade materna asteca é Senhora da Faca Obsidiana, usada para o esquartejamento e que, e em seu aspecto de deusa lunar, recebe o nome de "faca de pedra branca".

A taça de sacrifício utilizada para recolher o sangue do sacrificado é um atributo da Mãe Terrível, com qualidade de "taça de morte". Aqui ela recebe o nome de "Mulher Águia", em função dos corações sacrificados à águia e o Sol. A taça possui um sapo ilustrado no fundo, é a "taça da águia". O símbolo da taça de sangue ainda hoje povoa o inconsciente do ser humano, tanto nas fantasias como nos sonhos.

Itzpapalotl, deusa-obsidiana (borboleta obsidiana), relacionada à caça, originalmente era representada por um dragão, tendo se tornado mais tarde uma deusa da caça com asas de borboleta, cujas as bordas eram de obsidiana. O culto à arma encantada está ligado à ela, assim como todas as deusas primordiais da morte e da caça. Até mesmo o deus Tezcatlipoca é um deus da obsidiana e tem o mesmo papel sagrado da faca produzida por este material.

A fé primitiva dos astecas pode ser chamada de "religião da obsidiana", pois esta arma sagrada e mágica, vinda do céu é o símbolo da Grande Mãe sanguinária, portadora da vida e da morte, que ao ser desmembrada deu origem a todo o tipo de vida.

Imagem: Itzpapalotl - A Borboleta Noturna

Posteriormente com a transição da caça para a lavoura, os deuses tomaram outros aspectos. A deusa-obsidiana da caça, a borboleta-obsidiana é descrita em um hino antigo como uma "deusa melão-cacto" e a Grande Deusa passa a ser associada à terra. O seu filho, fruto da fertilidade passa a ser o milho e ela se torna a deusa da fertilidade do milho. Entretanto sua fama de terrível persiste e o ato de arrancar do pé a espiga de milho passa a ser análoga ao de extirpar o coração da vítima sacrificada com a ajuda da faca de obsidiana.

Este duplo aspecto, em que a vida se torna morte e esta passa à vida aparece repetidas vezes no mito e nos rituais astecas. Este aspecto evidencia-se no sacrifício de sangue.

A humanidade primitiva era incitada a praticar ritos sanguinários, do mesmo modo que na atualidade o homem promove guerras para saciar sua sede de sangue. Em ambos os casos , estas ações se julgam "inocentes".

A Grande Mãe sempre esteve ligada à dualidade Lua/Terra, Vida/Morte. O mistério da fecundação está vinculado à Lua e seu desmembramento. Aqui a Lua significa tanto o filho fecundador quanto o desmembrado.

No México, a região austral da decapitação e do desmembramento corresponde ao mundo terrível dos portões subterrâneos egípcios. No centro, há uma figura medonha com duas facas de obsidiana no lugar de sua cabeça e de todas as suas articulações projetam-se facas.

A Grande Mãe, incorporando a deusa da morte, carrega a faca obsidiana e o deus da Lua, Xipe Totek, possui uma máscara feita de tais facas, está relacionado àquela e participa de seu ritual, em que o filho juvenil é esquartejado ou castrado. Este é um auto-sacrifício da Lua que conduz ao seu renascimento. Xipe é o paralelo masculino da deusa terra e lua, que também personifica os alimentos, tanto o pé de milho, quanto o próprio milho.


Texto retirado do site: www.xamanismo.com.br

12 de agosto de 2010

As Deusas Devoradoras das Américas - Parte 3 - LUGAR DAS MULHERES --> OCIDENTE


A abertura ocidental por onde desce o Sol também é, no México, o útero arquetípico da morte que extermina o que nasceu. Para os astecas entretanto, o ocidente é o "lugar das mulheres", buraco primitivo da terra por onde nasceu a humanidade. O ocidente seria então a residência dos deuses primordiais, a terra natal do milho e o lar mítico original de todas as raças.

O símbolo das mulheres mortas no parto, tornando-se demônios femininos atormentados, também pertencem ao simbolismo do ocidente. Elas representam o poder do tempo antes dos tempos, como demônios femininos da aurora matriarcal, elas ainda são aquelas dos últimos dias que engolirão a humanidade quando o fim do mundo se aproximar e com isso causarão o desmoronamento e a colisão do Sol, da Lua e das Estrelas é quando toda a humanidade será tragada.

A concepção de mundo do povo asteca é marcada pela crença de que a noite do infortúnio está à espreita de qualquer ser vivo. O universo asteca pode ser caracterizado como instável e permanentemente ameaçado. Além das suas quatro eras terminarem em catástrofe, o calendário que abrange cinqüenta e dois anos, anuncia um ano "ce-actl", um ano de possível fim dos tempos. Este lapso de cinqüenta e dois anos é análogo ao horário da meia-noite de um dia completo e ao solstício de inverno, referente a um ano. Nestas ocasiões, todos os vasos são destruídos e todo o fogo é apagado. É a hora do julgamento e a passagem deste perigoso momento é celebrada com júbilo orgiástico.


Texto retirado do site: www.xamanismo.com.br


11 de agosto de 2010

As Deusas Devoradoras das Américas - Parte 2 - CHICOMECOATL, A DEUSA MAIS ANTIGA


Chicomecoatl, a "Mãe do Milho" e dos gêneros alimentícios é tida como a divindade mais antiga da América. Seu nome é traduzido como "sete serpentes". As cerimônias dedicadas à esta deusa são comemoradas no mês Huei Tozoztli e seus templos são então, decorados com milho e as sementes depositadas nele são abençoadas.

Ela é também a deusa da volúpia e do pecado e que gera e renova a vegetação através do ato sexual. É portanto, uma deusa da fertilidade que inclui a Terra como os seres humanos. É freqüentemente retratada com o rosto pintado de vermelho e com espigas de milho presas nas orelhas. Dizem que ela é a irmã do deus da chuva, Tlaloc.




Ela traz consigo a caveira, e a vítima feminina do sacrifício feito em sua louvação é decapitada. Como aspecto invernal da terra letal, ela coloca-se em oposição à terra fecunda, que está associada ao Oriente e à primavera. Com seu traje de serpentes, ela empunha a faca de silex e possui as garras de jaguar, animal que é inimigo arquetípico da luz, considerado atributo negativo masculino e companheiro do Feminino Terrível que como Grande Mãe, traja o manto da noite com as luas.

O jaguar era o Senhor das montanhas e das cavernas, do eco, dos animais selvagens, dos tambores de chamadas, da escuridão devoradora e do céu noturno. Existe um mito em que a unidade de terra e céu noturno se divide, significando que a unidade original dos primórdios é diferenciada. A deusa terra é trazida para baixo, vindo do céu primordial e é desmembrada. É em função deste desmebramento que ela passa a ser origem de todos os víveres.

Mas ela não possui somente um caráter bondoso, por vezes a deusa incorpora a Mãe Terrível. Conta-se que ela bradava durante a noite clamando por corações quentes. Não se acalmava enquanto estes não lhe fossem trazidos e se recusava a fertilizar a terra enquanto não estivesse encharcada de sangue humano.

JAGUAR/ÁGUIA

O jaguar, deus do número Nove, que é a expressão das regiões "inferiores", senhor da escuridão é o inimigo da águia, o símbolo solar e as lutas míticas entre luz e trevas que compõe o mundo asteca é visto nas batalhas entre os guerreiros-jaguares contra os guerreiros-águias. A águia pode ser considerada a substituta do Sol (ela é a única que pode olhar para o astro, sem dano aos olhos), do fogo celeste e da mais alta divindade urânica.

A terra é representada na forma de uma boca de jaguar devorando o Sol no crepúsculo, portanto a terra representava o monstro insaciável que não só devora os mortos, mas também arrasta para as profundezas o Sol e as Estrelas.

Texto retirado do site: www.xamanismo.com.br


10 de agosto de 2010

As Deusas Devoradoras das Américas - Parte 1


As culturas americanas desenvolveram-se de uma forma totalmente independente do mundo antigo. As notáveis correspondências entre os simbolismos dos dois mundos fundam-se em alicerces arquetípicos.

No México, a mitologia solar foi dominante, enquanto que a mitologia lunar permaneceu nas culturas costeiras ao longo do litoral da América do Sul, principalmente no Peru. Aqui o Grande Feminino é considerado a "mulher da lua", "a esposa do mar" e o mar noturno e o céu noturno são a mesma coisa, pois a noite é o Grande Círculo, uma unidade composta do mundo inferior, mar noturno e céu noturno que engloba todas as criaturas vivas.

Na cultura matriarcal dos Chimus, que dominaram a costa Norte do Peru, encontramos uma mitologia lunar em que a lua pode representar um herói como o nascimento dos seres humanos e dos heróis a partir do ovo, o símbolo da lua.

Enquanto a psicologia matriarcal ligada à noite-lua que predomina no Peru seria eclipsada pela cultura patriarcal inca somente em um momento posterior, verifica-se na cultura mexicana uma dominância patriarcal mais evidente. Á princípio a grande quantidade de deusas astecas parecem inviabilizar uma classificação das mesmas. Mas, é possível nesse caso constatar a uniformidade arquetípica subjacente dando prosseguimento à análise das interligações existentes entre elas.

No início dos tempos, apresenta-se o pai divino, Tonacatecuhtli e a mãe divina, Tonacacihuatl, também chamados de "Senhor e Senhora da nossa carne", cuja morada é no décimo terceiro e mais elevado dos céus. Sua origem jamais ninguém conseguiu esclarecer. Eles foram o casal primordial, também conhecidos como Ometecuhtli e Ometecihuatl, "Senhor e Senhora dos Dois". Ambos ocupam o primeiro lugar no calendário porque são os criadores dos tempos primordiais, sendo que a parte masculina é associada ao céu e ao fogo e a parte feminina com a terra e com a água. Eles tiveram quatro filhos: Tezcaplipoca, Quetzalcoatl, Xipe e Huitzipochtli, as quatro principais deidades mexicanas.

Os deuses primitivos mais análogos a estas deidades urobóricas eram hermafroditas, o que sugere que cada uma das ambas contém em si a força criadora da procriação. O nome deles "Senhor e Senhora da nossa carne", significa não só "Senhores da nossa substância vital", mas ao mesmo tempo, os "Senhores do Milho", isto é, eles são uma deidade tanto da gênese como da vida vegetal.

Texto retirado do site: www.xamanismo.com.br

6 de agosto de 2010

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".... Deixa que o vento corra, coroado de espuma, que me chame e me busque galopando na sombra, enquanto eu, mergulhado nos teus imensos olhos, nesta noite imensa, descansarei, meu amor..."

Pablo Neruda


2 de agosto de 2010

O mundo



Este arcano é a síntese de todos os outros, simbolizando a essência da criação universal.



A carta do Mundo, efetivamente, aponta para a conclusão, o encerramento, o fechamento de algo que vem sendo construído. Ela é uma carta de ápice, é uma carta de completude. A energia que encontramos neste Arcano mostra a expansão em seu ponto máximo.



Sua imagem é composta de uma mandala que cerca uma figura humana e quatro cabeças nos cantos, a mandala é uma representação do universo, e seu espaço funciona como ponto de concentração de todas as forças universais.


No centro da mandala um ser andrógino simboliza a integração dos dois sexos em um, representando tanto integração perfeita e interior das duas polaridades, quanto o encontro harmônico entre um homem e uma mulher. Por essa razão, em alguns jogos em que o Mundo aparece com outras cartas de Copas ele pode estar representando uma parceria amorosa substancial, um relacionamento realmente profundo, onde haja não somente um romance, mas também uma ligação espiritual e mágica.


Nos quatro cantos estão quatro figuras que representam os quatro elementos da natureza: a cabeça de um anjo (água), a de uma águia (ar), a de um leão (fogo), a de um touro (terra); símbolos dos quatro elementos vitais e que conferem equilíbrio ao mundo.


De acordo com alguns especialistas, as figuras também representam os quatro cantos da terra, ou as quatro direções de onde sopram o vento, evocando novamente a idéia de totalidade universal.


A verdade final aprendida pelo buscador espiritual é a realização plena e total. A carta mostra que a guirlanda começa azul, passa pelo vermelho e chega ao amarelo; isso quer dizer que, usando nossas emoções e nossas forças físicas, conseguimos alcançar a inteligência e a sabedoria. Representa a síntese de tudo que conhecemos.


Considerada a melhor carta do Tarôt, indica uma realização muito importante, também prevê o triunfo e a glória, mostrando o caminho para se alcançar o resultado desejado.


No plano espiritual desencoraja as falsas ilusões e dá lucidez para diferenciar o certo do errado. Anuncia também que a pessoa passa por um momento de grande inspiração e pode contar com uma poderosa proteção, além da ajuda tanto de amigos como de pessoas desconhecidas.


No plano físico, representa a realização de todos os desejos e o sucesso nos projetos já encaminhados. Indica também segurança em todos os afetos e prevê um valioso encontro amoroso. No sentido esotérico mostra equilíbrio e organização entre o espírito e a matéria.




(Texto retirado da net)