As crianças, independentes de cor epitelial e prática religiosa, têm receio e curiosidades em relação a bruxas e fadas. A didática através do lúdico as insere no mundo da fantasia criado pelos adultos, em uma realidade controversa e de explicações através das fábulas de problemas não resolvidos.
Todos os povos e civilizações sempre tiveram códigos de moralidade e de costumes, entretanto, o desconhecimento de outro grupo cultural cria falsas respostas através de ideologias discriminatórias. Os questionamentos de gerações afloram nos contos, nas mitologias do poder e de identidades dos grupos sociais, e nestas análises as respostas estão inacabadas, gerando conflitos, surgindo à necessidade didática de final feliz para o grupo social que idealiza a fábula, conforme as suas aspirações sociais e influências religiosas. Neste sentido, os povos que sofreram invasões e foram escravizados encontram nas fábulas e mitos do invasor e escravizador referências deturpadas de si mesmo, pois são forçados a se encontrar no pertencimento do outro e, aprendem a desprezar os seus contos e mitos, seja por desconhecimento de sua história ou rejeição de sua ancestralidade. Quando conhecemos o mundo, a mulher nos é apresentada como símbolo do amor materno, sabedoria, religiosidade, compreensão e poder. Para a criança o ato de “falar com a minha mãe!” tem um significado muito forte. O ato da comunicação torna-se instrumento de pertencimento com aquela que teve o poder da procriação e manutenção da vida. Nas sociedades européias e em seus contos a mulher é representada como detentora do poder mágico da bondade, como as fadas (a mulher submissa sempre atenta aos desejos do homem) bruxas e feiticeiras (simbolizada da perversão e maldade, questionadoras do patriarcado). A maioria das crianças conhece o Conto Branca de Neve e os Sete Anões, da relação conflituosa, gerada pela disputa de beleza física, entre a protagonista com sua madrasta, uma rainha-bruxa. O clássico cinematográfico da Disney foi premiado com um Oscar especial da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. A história finaliza com a quebra do feitiço do sono eterno por um beijo do príncipe, que vive “feliz para sempre” com branca de Neve, a mais bela, notadamente por ser a mais branca, como o nome já sugere. Incrível que muitos aniversários de crianças, a idéia de ser uma princesa como a branca de neve e encontrar um príncipe encantado é um sonho de milhões de meninas pretas.
(Por Walter Passos, historiador, teólogo e membro da COPATZION (Comunidade Pan-Africanista de Tzion). Pseudônimo: Kefing Foluke.)
http://cnncba.blogspot.com/2009/09/bruxaria-branca-expressao-do-mal.html
2 comentários:
Magia... companheira indelével
nunca nos abandona,mesmo quando abandonamos a PRÀTICA
pois a magia com o tempo se torna tão entranhada em nós que a PRÀTICA vira obsoleta... e ela se permite atuar sob os sutis comandos de nosso ser...
Obrigado por me trazer esta reflexão...ou quem sabe, é a própria MAGIA que nos fala atravez da sua inspiração do post...
Pois é amigo querido, como já dizia uma grande poetisa brasileira "Pensar é transgredir", e a magia por si mesma é transgressora. A prática da magia está presente em nosso dia a dia, independente da execução de seus "encantamentos". Ela se apresenta em nossos hábitos mais simples do cotidiano, independente de quem conhece ou não os seus mistérios.
Obrigada você pela visita e até amanhã ^^
Beijão
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