25 de fevereiro de 2010

Jeito de Mato



De onde é que vem esses olhos tão tristes?

Vem da campina onde o sol se deita
Do regalo de terra que teu dorso ajeita
E dorme serena, no sereno e sonha

De onde é que salta essa voz tão risonha?
Da chuva que teima, mas o céu rejeita
Do mato, do medo, da perda tristonha
Mas, que o sol resgata, arde e deleita

Há uma estrada de pedra que passa na fazenda
É teu destino, é tua senda onde nascem tuas canções
As tempestades do tempo que marcam tua história,
Fogo que queima na memória e acende os corações

Sim, dos teus pés na terra nascem flores
A tua voz macia aplaca as dores
E espalha cores vivas pelo ar...

Sim, dos teus olhos saem cachoeiras
Sete lagoas, mel e brincadeiras
Espumas, ondas, águas do teu mar...



(Almir Sater)

20 de fevereiro de 2010

Senhor Hypnos



Eu deito em seus braços confortantes, senhor Hypnos
Seu vestuário vivo com a sua música
Eu deito em seus braços confortantes, senhor Hypnos

O espiral íngreme do seu lar distante
Eu montei em visões na esteira do sono
e caí como a história através do abismo das eras
No preço das zonas proibidas

Como eu tinha procurado
através de um milhão de mundos e encarei ainda inconsciente minha própria face verdadeira, profunda e sem traço
Que eu ainda não tinha encontrado

Assim, encontrar-me nestes salões grandiosos
onde há muito tempo os verões foram banidos para sempre
e afinaram as cordas do desejo sincero
para a música fria dos deuses
Horizontes lúcidos de Hypnagonia
jogam com minha saudade reprimida
que a lancei no Panteão
e que não foi realizada.
(In Flames)

"Hipnos era filho de Nix (a noite, a escuridão acima de Gaia) e Érebo ( As Trevas Primordiais, "a escuridão profunda que se formou no momento da criação"). Teve muitos irmãos, entre os quais seu irmão gêmeo Tânatos, a morte.
Hipnos (o deus do sono) viveu no palácio construído dentro de uma caverna grande no oeste distante, onde o sol nunca chegou, e que ninguém tinha um galo que acordasse o mundo, nem gansos ou cães, de modo que Hipnos viveu sempre em tranquilidade, em paz e silêncio.
Do outro lado de todo este lugar peculiar passava Lete, o rio do esquecimento, e nas margens, outras plantas cresciam junto colaborando com murmuro liso de águas limpidas do rio a dormir. No meio do palácio tinha uma cama bonita, cercada pelas cortinas pretas em que Hipnos descansava em penas macias com um sonho calmo flagelado das histórias.
Seu filho, Morfeu tomava cuidado para que ninguém o acordasse.
Hipnos teve também outras duas crianças chamadas Icelos e Fantaso. Hipnos podia dominar assim, muito aos deuses a respeito dos mortais. É representado como uma pessoa nova. Hipnos era o deus do sono, da atividade a dormir, mas não dos sonhos em si; histórias que passam em nossos pensamentos, são representadas por Morfeu.
Hipnos tem forma humana, mas se torna uma ave antes de dormir.
Outras vezes é representado como um jovem com asas que toca uma flauta na frente dos homens para fazê-los dormir, e deixa um rastro de névoa.
Hipnos era considerado um deus com vestes e cabelos na cor dourada, assim como seu irmão gêmeo, Thanatos ou Tânatos, era considerado um deus de vestes e cabelos na cor prateada
Hipnos gerou (sozinho) os mil Onírios, deuses dos sonhos, entre eles Morfeu, Fantaso e Icelos. Fantaso, sua única filha, é a personificação do devaneio.
"
(Texto retirado da net e editado por Morgana / Imagem: Hipnos e sua mãe Nix)

Tenho ouvido constantemente esta música da banda sueca In Flames e lembrado de q
uantas vezes, em determinadas situações eu já desejei dormir e só acordar quando tudo tivesse passado...
Esta letra não me sai da cabeça!



Música Lord Hypnos do álbum The Jester Race - 1996


Ahhhhh... como eu queria deitar em seus braços confortantes senhor Hypnos!



14 de fevereiro de 2010

Soneto do Orfeu



São demais os perigos desta vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida.
E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher.
Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer, de tão perfeita.
Uma mulher que é como a própria Lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua.

(Vinícius de Moraes)

10 de fevereiro de 2010

Soturna



Olhas o céu, que é a flama azul do olhar de um santo.
Parece, até, que, de tão fluida, a luz é aroma...

E eu, vendo o céu lúcido assim, penso no pranto
De súlfur vivo que escorreu sobre Sodoma...

Olhas os ramos, na opulência e na indolência...
Lembras sazões, pomos, desejos e pecados...

E eu, nesses ramos, sinto a lúgubre cadencia
Da pendular oscilação dos enforcados...

Olhas a terra toda em flor... Falas na gloria
De messidores, de farturas, de celeiros...

Diante da terra, oiço a canção desilusoria
Da ronda triste e sonolenta dos coveiros...

Olhas o mar em que o oiro-azul do céu se estrela:
Não sentes, vendo-o, nem pavores nem presságios...

E eu, pelo mar, vejo os espectros da procela,
E as naus sem norte, os precipícios, e os naufrágios...

Olhas a Vida... E ouves, da terra aos céus, o coro
Propiciatório de alegrias e noivado...

Dos céus à terra, eu sinto as suplicas e o choro
Dos prisioneiros, ofendidos, degradados...

Diante da Morte, unicamente, se alevanta
Minha alma em luz, serena e só, tranqüila e forte...

E, diante dela, o seu louvor sem frases canta...
Que é que tu sentes, minha Irmã, diante da Morte?

(Cecília Meireles)

3 de fevereiro de 2010

Deus Negro



Todo teu olhar e tua graça
Cheios de charme, quando quer eu que te veja
Até que a morte me tome, na caçada
Minhas lembranças ainda vão te perseguir

Então, quando minhas horas tediosas passarem
Seja esta a minha última bênção concedida
Abaixar-me a teus pés para meu último suspiro
E morrer na visão do paraíso

(My Dying Bride)

1 de fevereiro de 2010

In the dark night...



"A nocturnal concerto

Candlelight whispers me where to go
Hymn of gathering stars as my guide
As I wander on this path of the night

Embroidery of the stars
Undress my feelings for this earth
Send me your salva to heal my scars
And let this nakedness me my birth"

(Nightwish - Astral Romance)

A Roda da Fortuna


A carta número X do Tarot Mitológico trás as Moiras, as Três Senhoras do Destino. A imagem mostra três mulheres dentro de uma gruta sombria. A primeira à direita, é jovem e bonita e tece o fio em uma roca dourada. A segunda, sentada à esquerda, é mais madura e sua função parece ser a de medir o fio que a primeira fiou. A terceira, bem mais velha, tem nas mãos uma tesoura grande. No centro da carta, entre as três figuras, uma roda dourada, na qual vêem-se quatro figuras humanas em diferentes posições. Pela abertura da gruta vê-se também uma linda pradaria verdejante.
Na mitologia grega, as Moiras tinham como função acompanhar a construção das vidas humanas e seu fim. A primeira, Clotó, a fiadeira, tecia a história de cada vida, como um fio. A segunda mulher, Láquesis, a medidora, media o fio, para averiguar se era chegada a hora de Átropos, a cortadora, usar a tesoura que carrega para determinar o término da existência de cada ser. Eram elas que determinavam o destino, sendo detentoras do poder de vida e morte sobre cada um de nós.
Na figura do tarot, a gruta sugere o útero que gera a vida assim como a tumba ao fim do caminho.
As Três teciam o Fio da Vida dos homens na Escuridão de sua gruta e seu trabalho não poderia ser desfeito por nenhum outro Deus ou Deusa, nem por Zeus.
A lei que rege a construção e destruição da vida é a mesma lei desconhecida e invisível que determina as súbitas mudanças e que, por sua vez, altera os padrões preestabelecidos. As quatro figuras humanas agarradas à Roda representam os vários estágios do destino, mostrando que se em um momento estamos sobre a roda, em outro fatalmente estaremos em alguma das outras posições. É o ciclo interminável de mudanças. Nada dura para sempre, o mundo é um constante movimento e nós, seres viventes, temos que nos adaptar a cada estágio que se apresenta, aprendendo e crescendo espiritualmente. A Roda da Fortuna possui um centro imutável, significando que, apesar do movimento, existe um ponto de apoio para todos nós, que pode significar a família, os amigos, os valores, o próprio eu pessoal bem construído, que vai nos ajudar a nos adaptarmos às diversas fases pelas quais fatalmente passaremos.
A carta da Roda da Fortuna não significa simplesmente as mudanças bruscas da vida, seja por acaso, sorte ou acidente. Por trás da Roda sempre estão as Moiras, que planejam ordenadamente todas as mudanças da vida, ainda que atribuamos tudo ao acaso. A virada da Roda sempre traz o crescimento e inaugura uma nova fase da vida. Não podemos saber o que nos espera, ou melhor, o que encontraremos. Entretanto, por trás das mudanças estão as Moiras, a imagem do centro interno.
Quando a carta da Roda da Fortuna surge, é o momento de se deparar com o nosso próprio destino, aquilo que não depende de nós.
Esse arcano tem uma influência exterior. Em uma interpretação, quando ele aparece em uma tiragem significa que a pessoa não tem mais controle sobre a situação e deve aprender a adaptar-se a ela e crescer. O objetivo final de todo processo é o aprendizado. Essa mudança, portanto pode ser boa ou ruim, de qualquer forma é sempre uma virada, que nos traz crescimento e dá início a uma nova fase de vida. Se o Universo traz algo à sua vida é por merecimento. Se algo é tirado de você, é para que você aprenda com isso. Mas não devemos encarar nenhum evento como positivo ou negativo. Para tudo existe uma razão e um propósito. Por vezes, eventos que consideramos negativos se revelam catalizadores de felicidade e sucesso pouco depois. É o plano maior que não conseguimos, muitas vezes, perceber.
Tudo tem que se renovar. A vida é feita de renovações.
A Roda da Fortuna gira tanto pra cima, como para baixo. Isso nos mostra que nenhuma situação permanece intacta, por mais densa e obscura que ela possa aparecer. Em algum momento, a roda vai girar, desencadeando processos no universo e as coisas vão acontecer.

(Texto retirado da net)