29 de dezembro de 2012


22 de dezembro de 2012

Doce...



É o gosto da tua boca
Quando toca meus lábios
Com amor e sedução
Doce...
É o nosso amar
O encontro do meu
Corpo e do teu
Na nossa imaginação...
Imaginando o que já
Verdadeiramente 
Aconteceu entre nós
Doce...
É meu olhar quando
Faço-te propostas
Impensáveis ao teu ouvido
E você sorri, beijando-me
Doce...
Muito doce este querer
Saciar todos os nossos
Desejos...
Docemente intenso
Nosso jeito de cuidar
Deste amor

Zeza Marqueti

17 de dezembro de 2012

:)



Surpresa é um susto. Uma taquicardia. Uma cilada. Gosto, isso sim, de prazeres esperados, conquistados, desejados. O grande barato está em surpreender-se a si mesmo, conseguindo aquilo que tanto se batalhou para ter...

Martha Medeiros  

13 de dezembro de 2012

Quero saber de você

12 de dezembro de 2012

Alma erótica


Não foi à toa que Adélia Prado disse que "erótica é a alma". Enganam-se aqueles que pensam que erótico é o corpo. O corpo só é erótico pelos mundos que andam nele. A erótica não caminha segundo as direções da carne. Ela vive nos interstícios das palavras. Não existe amor que resista a um corpo vazio de fantasias. Um corpo vazio de fantasias é um instrumento mudo, do qual não sai melodia alguma. Por isso, Nietzsche disse que só existe uma pergunta a ser feita quando se pretende casar: "continuarei a ter prazer em conversar com esta pessoa daqui a 30 anos?

Rubem Alves

7 de dezembro de 2012

Tua voz na Primavera




A tua voz na primavera
Manto de seda azul, o céu reflete
Quanta alegria na minha alma vai!
Tenho os meus lábios úmidos: tomai

A flor e o mel que a vida nos promete!
Sinfonia de luz meu corpo não repete
O ritmo e a cor dum mesmo beijo... olhai!

Iguala o sol que sempre às ondas cai,
Sem que a visão dos poentes se complete!
Meus pequeninos seios cor-de-rosa,
Se os roça ou prende a tua mão nervosa,

Têm a firmeza elástica dos gamos...
Para os teus beijos, sensual, flori!
E amendoeira em flor, só ofereço os ramos,
Só me exalto e sou linda para ti!


Florbela Espanca

2 de dezembro de 2012

O Carro


As coisas andam, fluem, se desenvolvem, se movimentam...

O Arcando VII representa o êxito legítimo, avanço merecido. Talento, dons, capacidade, aptidões postas em andamento.
Quando esta carta aparece, significa que os obstáculos foram superados, 
tomou um rumo firme e está determinado a cumprir mais etapas evolutivas. 
Concilia os antagonismos, conduz as forças divergentes, traz progresso, mobilidade.
Se refere à contemplação ativa, a vitória e o triunfo.
Neste momento, deverá ter força e liderança para evitar extremos e ter controle firme para manter o equilíbrio. 

Para o alto e avante!

29 de novembro de 2012

E...



E da janela do quarto, vendo uma vida de estrelas passarem por seus olhos,
algo lhe dizia:
- Tá vendo aquele mundo la fora?
É seu, vai pegar!

(CFA)  

28 de novembro de 2012

“Vitimismo”- Saindo da mentalidade de vítima



Vitimismo é um comportamento infantil aprendido na infância e mantido depois de adulto que caracteriza uma personalidade que tende a considerar-se como uma vítima das ações negativas de outros. Pensa, fala e age como se fosse esse o caso - mesmo com ausência de clara evidência. Pensamento egocêntrico ao extremo.

Vitimismo é um aspecto em que as pessoas negativas focam no problema (se houver) ao contrario da busca de soluções, dificultando a solução, criando conflitos desnecessários. A mentalidade de vítima pode manifestar-se em uma série de comportamentos diferentes ou maneiras de pensar e se expressar, do tipo:

Culpar terceiros por uma situação que ela mesma criou, mas não deseja admitir.
Falta responsabilidade em assumir seus atos, esperando sempre que alguém o faça por ela.
Sente profunda pena de si provocando um sentimento de piedade do outro. Não se dáao trabalho “sujo” (todo trabalho é sujo, inferior e não condiz com seu status)

Mentem com muita facilidade sobre tudo. Pessoas com mentalidade de vítima desenvolvem argumentos convincentes e sofisticados em apoio a suas ideias e acreditam tanto nisso que podem até convencer um público ingênuo. Estão sempre na defensiva. Rejeita sugestões ou críticas construtivas. São incapazes ou relutantes em considerar o ponto de vista de outras pessoas. Subestima ou influência uma determinada situação.

A mentalidade de vítima pode ser refletida por marcadores linguísticos. Tende a dividir as pessoas em rótulos como "bandidos", falsos, aproveitadores, invejosos. Suas frases começam com "Eu não posso”, “não consigo fazer”. “Eu não devo”, “eu não tenho sorte”, “comigo tudo dá errado” ou “nada dá certo”, “tudo fica nas minhas costas”, “ninguém me ajuda”.

O vitimismo leva a Insatisfação com tudo que o cerca e definitivamente negligente com suas responsabilidades se coloca ainda mais para baixo do que os outros supostamente o fazem, para ganhar apoio e aliados, dos que pensam como ele, o que não é uma tarefa difícil. Não corre riscos para não ser responsabilizado ou descoberta sua verdadeira intenção, a de manipular o ambiente a seu bel prazer como uma criança de 3 anos querendo atenção.

Pare de se queixar
A maioria das coisas que acabam dando errado começa a se materializar quando nos lamentamos porque ela se torna foco - e tudo aumenta e ganha poder onde damos atenção! Quando você reclama, se lamenta, tal qual um imã, você atrai para si toda a carga negativa de suas próprias palavras.


Laura Botelho

24 de novembro de 2012

Para ser amigo de si mesmo




"Para ser amigo de si mesmo é preciso estar atento a algumas condições do espírito. A primeira aliada da camaradagem é a humildade. Jamais seremos amigos de nós mesmos se continuarmos a interpretar o papel de Hércules ou de qualquer super-herói invencível. Encare-se no espelho e pergunte: quem eu penso que sou? E chore, porque você é fraco, erra, se engana, explode, faz bobagem. E aí enxugue as lágrimas e perdoe-se, que é o que bons amigos fazem: perdoam.

Ser amigo de si mesmo passa também pelo bom humor. Como ainda há quem não entenda que sem humor não existe chance de sobrevivência? Já martelei muito nesse assunto, então vou usar as palavras de Abrão Slavutsky: "Para atingir a verdade, é preciso superar a seriedade da certeza". É uma frase genial. O bem-humorado respeita as certezas, mas as transcende. Só assim o sujeito passa a se divertir com o imponderável da vida e a tolerar suas dificuldades.

Amigar-se consigo também passa pelo que muitos chamam de egoísmo, mas será? Se você faz algo de bom para si próprio estará automaticamente fazendo mal para os outros? Ora. Faça o bem para si e acredite: ninguém vai se chatear com isso. Negue-se a participar de coisas em que não acredita ou que simplesmente o aborrecem. Presenteie-se com boa música, bons livros e boas conversas. Não troque sua paz por encenação. Não faça nada que o desagrade só para agradar aos outros. Mas seja gentil e educado, isso reforça laços, está incluído no projeto "ser amigo de si mesmo".

Por fim, pare de pensar. É o melhor conselho que um amigo pode dar a outro: pare de fazer fantasias, sentir-se perseguido, neurotizar relações, comprar briga por besteira, maximizar pequenas chatices, estender discussões, buscar no passado as justificativas para ser do jeito que é, fazendo a linha "sou rebelde porque o mundo quis assim". Sem essa. O mundo nem estava prestando atenção em você, acorde. Salve-se dos seus traumas de infância. Quem não consegue sozinho, deve acudir-se com um terapeuta. Só não pode esquecer: sem amizade por si próprio, nunca haverá progresso possível, como bem escreveu Sêneca cerca de 2.000 anos atrás. Permanecerá enredado em suas próprias angústias e sendo nada menos que seu pior inimigo."

(Martha Medeiros)


21 de novembro de 2012

As mãos do amor




"não que eu tenha medo
não que eu seja insegura,
mas dar minhas mãos as tuas
é só para unir meu corpo no teu
quando andamos pelas avenidas
quando nenhuma cortina encobre
quando a cama são as calçadas
se o teto é qualquer lua
se a morada é qualquer rua
o amor é feito as claras
das mãos se dando, nuas"

(Cáh Morandi)

11 de novembro de 2012

Me busco em músicas que dão ritmo ao que sinto...



...de forma silenciosa e me busco em trechos de livros que revelam ideias que mantenho ainda embaralhadas. (...) Me busco quando me aquieto pra escutar meus pensamentos, que não são retos, certos, fáceis, e sim espasmódicos, contraditórios, provocativos, ora estão ao meu favor, ora estão contra, e por isso me desencontro. Então escrevo, me busco em frases feitas e frases inventadas, colocando uma palavra atrás da outra na tentativa de construir uma lógica, um atalho, uma emoção que eu consiga sustentar e repartir, e depois fecho o computador me busco no sono, nos sonhos, no inconsciente, do meu lado noturno, sombrio, quando perco a coragem e tudo me amedronta, a começar pelo fato de que o dia terminou e a busca não se encerrou, nem irá, porque esse tipo de busca não se encerra.

(Martha Medeiros em Coisas da vida)

2 de novembro de 2012

Prêmio Dardos



Fiquei lisonjeada ao receber da Satine, do blog In Vitro, o Prêmio Dardos. Obrigada pelo carinho, seu espaço é lindo e sinto-me honrada e feliz por sua presença.
..............

O Selo Prêmio Dardos foi criado pelo escritor espanhol, Alberto Zambade que em 2008, concedeu no seu blogue Leyendas e el pequeno Dardo, o primeiro Prêmio Dardo, ofertado por ele a quinze blogues, depois os blogues que receberam o Prêmio deveriam indicar outros blogues e assim o Prêmio se espalhou pela internet.

"Com o Prêmio Dardos se reconhecem os valores que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras".
(Alberto Zambade)

O Prêmio tem as seguintes regras: 

1- Exibir o selo; 
2- Linkar quem o premiou;
3- Escolher outros blogues para indicar o prêmio;
4- Avisar os escolhidos.

Os meus eleitos são: 










1 de novembro de 2012

O Sol




"Quando as coisas são feitas com consciência, tudo tende a dar certo. Quando se sabe o que se quer e se quer o que se sabe ser bom para nós, as coisas fluem com simplicidade, tranqüilidade e leveza."

(Samine)


O Sol é um dos arcanos do tarô que irradia a harmonia e felicidade. Esta felicidade que pode ser traduzida em simples momentos felizes, ou uma fase de alegria e bem estar com a vida. Ele sempre brilha, mesmo após os longos dias nublados, ou as noites frias e os dias negros da alma. A mensagem deste arcano é aproveite este momento de plenitude, alegria e felicidade!
Em pleno início de um feriadão, me aparece esta carta maravilhosa! Que venha novembro vibrando felicidade e alegria!


"Que a eterna luz do Sol te ilumine,
Que todo o amor te envolva,
E a luz verdadeira, no teu interior,
Guie o teu caminho para casa,
Guie o teu caminho para casa..."


Benção Sufi



27 de outubro de 2012

O amor bom é facinho


Há conversas que nunca terminam e dúvidas que jamais desaparecem. Sobre a melhor maneira de iniciar uma relação, por exemplo. Muita gente acredita que aquilo que se ganha com facilidade se perde do mesmo jeito. Acham que as relações que exigem esforço têm mais valor. Mulheres difíceis de conquistar, homens difíceis de manter, namoros que dão trabalho - esses tendem a ser mais importantes e duradouros. Mas será verdade? 

Eu suspeito que não. 

Acho que somos ensinados a subestimar quem gosta de nós. Se a garota na mesa ao lado sorri em nossa direção, começamos a reparar nos seus defeitos. Se a pessoa fosse realmente bacana não me daria bola assim de graça. Se ela não resiste aos meus escassos encantos é uma mulher fácil – e mulheres fáceis não valem nada, certo? O nome disso, damas e cavalheiros, é baixa auto-estima: não entro em clube que me queira como sócio. É engraçado, mas dói. 

Também somos educados para o sacrifício. Aquilo que ganhamos sem suor não tem valor. Somos uma sociedade de lutadores, não somos? Temos de nos esforçar para obter recompensas. As coisas que realmente valem a pena são obtidas à duras penas. E por aí vai. De tanto ouvir essa conversa - na escola, no esporte, no escritório - levamos seus pressupostos para a vida afetiva. Acabamos acreditando que também no terreno do afeto deveríamos ser capazes de lutar, sofrer e triunfar. Precisamos de conquistas épicas para contar no jantar de domingo. Se for fácil demais, não vale. Amor assim não tem graça, diz um amigo meu. Será mesmo? 

Minha experiência sugere o contrário. 

Desde a adolescência, e no transcorrer da vida adulta, todas as mulheres importantes me caíram do céu. A moça que vomitou no meu pé na festa do centro acadêmico e me levou para dormir na sala da casa dela. Casamos. A garota de olhos tristes que eu conheci na porta do cinema e meia hora depois tomava o meu sorvete. Quase casamos? A mulher cujo nome eu perguntei na lanchonete do trabalho e 24 horas depois me chamou para uma festa. A menina do interior que resolveu dançar comigo num impulso. Nenhuma delas foi seduzida, conquistada ou convencida a gostar de mim. Elas tomaram a iniciativa – ou retribuíram sem hesitar a atenção que eu dei a elas. 

Toda vez que eu insisti com quem não estava interessada deu errado. Toda vez que tentei escalar o muro da indiferença foi inútil. Ou descobri que do outro lado não havia nada. Na minha experiência, amor é um território em que coragem e a iniciativa são premiadas, mas empenho, persistência e determinação nunca trouxeram resultado. 

Relato essa experiência para discutir uma questão que me parece da maior gravidade: o quanto deveríamos insistir em obter a atenção de uma pessoa que não parece retribuir os nossos sentimos? 

Quem está emocionalmente disponível lida com esse tipo de dilema o tempo todo. Você conhece a figura, acha bacana, liga uns dias depois e ela não atende e nem liga de volta. O que fazer? Você sai com a pessoa, acha ela o máximo, tenta um segundo encontro e ela reluta em marcar a data. Como proceder a partir daí? Você começou uma relação, está se apaixonando, mas a outra parte, um belo dia, deixa de retornar seus telefonemas. O que se faz? Você está apaixonado ou apaixonada, levou um pé na bunda e mal consegue respirar. É o caso de tentar reconquistar ou seria melhor proteger-se e ajudar o sentimento a morrer? 

Todas essas situações conduzem à mesma escolha: insistir ou desistir? 

Quem acha que o amor é um campo de batalha geralmente opta pela insistência. Quem acha que ele é uma ocorrência espontânea tende a escolher a desistência (embora isso pareça feio). Na prática, como não temos 100% de certeza sobre as coisas, e como não nos controlamos 100%, oscilamos entre uma e outra posição, ao sabor das circunstâncias e do tamanho do envolvimento. Mas a maioria de nós, mesmo de forma inconsciente, traça um limite para o quanto se empenhar (ou rastejar) num caso desses. Quem não tem limites sofre além da conta – e frequentemente faz papel de bobo, com resultados pífios. 

Uma das minhas teorias favoritas é que mesmo que a pessoa ceda a um assédio longo e custoso a relação estará envenenada. Pela simples razão de que ninguém é esnobado por muito tempo ou de forma muito ostensiva sem desenvolver ressentimentos. E ressentimentos não se dissipam. Eles ficam e cobram um preço. Cedo ou tarde a conta chega. E o tipo de personalidade que insiste demais numa conquista pode estar movida por motivos errados: o interesse é pela pessoa ou pela dificuldade? É um caso de amor ou de amor próprio? 

Ser amado de graça, por outro lado, não tem preço. É a homenagem mais bacana que uma pessoa pode nos fazer. Você está ali, na vida (no trabalho, na balada, nas férias, no churrasco, na casa do amigo) e a pessoa simplesmente gosta de você. Ou você se aproxima com uma conversa fiada e ela recebe esse gesto de braços abertos. O que pode ser melhor do que isso? O que pode ser melhor do que ser gostado por aquilo que se é – sem truques, sem jogos de sedução, sem premeditações? Neste momento eu não consigo me lembrar de nada. 


IVAN MARTINS - Editor-executivo de ÉPOCA, 29/06/2011

20 de outubro de 2012

A uma mulher amada




Ditosa que ao teu lado só por ti suspiro!
Quem goza o prazer de te escutar,
quem vê, às vezes, teu doce sorriso.
Nem os deuses felizes o podem igualar.

Sinto um fogo sutil correr de veia em veia
por minha carne, ó suave bem-querida,
e no transporte doce que a minha alma enleia
eu sinto asperamente a voz emudecida.

Uma nuvem confusa me enevoa o olhar.
Não ouço mais. Eu caio num langor supremo;
E pálida e perdida e febril e sem ar,
um frêmito me abala... eu quase morro ... eu tremo.

(Safo)

15 de outubro de 2012

Te quero...





Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.


(Pablo Neruda)

7 de outubro de 2012

Delírio



Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!


Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.


Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
– Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.


No seu ventre pousei a minha boca,
– Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci....



Olavo Bilac

2 de outubro de 2012

A Temperança



Esta carta representa a harmonia e a estabilidade  precedente à transformação. Esta estabilidade mental e emocional que vão permitir que atinja os objetivos em pleno. Aproveitar com moderação os prazeres da vida evitando os excessos, irá contribuir para um maior equilíbrio emocional e espiritual.
Estamos diante de certa esfera do sentimento que nos revela o coração equilibrado.

25 de setembro de 2012

Saudade...


S.M.C - RIP 25/09/2006

23 de setembro de 2012

Quero nós...



Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Amarrados. Jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam. Eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa.  

(Caio F. Abreu)

5 de setembro de 2012

O Hierofante


E mais uma vez o Papa...

O 5º Arcano do Tarot representa a ligação entre a matéria e espírito. Proteção, lealdade, respeito.
Ele representa a forma ativa da inteligência humana, que traz principalmente as soluções lógicas. 
Significa também os pensamentos inspirados por um nível mais alto de consciência. Sentimentos poderosos, afetos sólidos, casamento, união. 
Equilíbrio, segurança na situação e na saúde.
Corações vibrantes, conexão aberta com a divindade, em função de vivenciar o amor em sua plenitude.
E que venha setembro, pois em mim vibra o amor supremo!

30 de agosto de 2012

Kiss me!

29 de agosto de 2012

Me encante


Me encante da maneira que você quiser, como você souber.
Me encante, para que eu possa me dar...

Me encante nos mínimos detalhes.
Saiba me sorrir: aquele sorriso malicioso,
Gostoso, inocente e carente.

Me encante com suas mãos,
Gesticule quando for preciso.
Me toque, quero correr esse risco.

Me acarinhe se quiser...
Vou fingir que não entendo,
Que nem queria esse momento.

Me encante com seus olhos...
Me olhe profundo, mas só por um segundo.
Depois desvie o seu olhar.
Como se o meu olhar,
Não tivesse conseguido te encantar...

E então, volte a me fitar.
Tão profundamente, que eu fique perdido.
Sem saber o que falar...

Me encante com suas palavras...
Me fale dos seus sonhos, dos seus prazeres.
Me conte segredos, sem medos,
E depois me diga o quanto te encantei.

Me encante com serenidade...
Mas não se esqueça também,
Que tem que ser com simplicidade,
Não pode haver maldade.

Me encante com uma certa calma,
Sem pressa. Tente entender a minha alma.

Me encante como você  fez com o seu primeiro namorado...
Sem subterfúgios, sem cálculos, sem dúvidas, com certeza.

Me encante na calada da madrugada,
Na luz do sol ou embaixo da chuva....

Me encante sem dizer nada, ou até dizendo tudo.
Sorrindo ou chorando. Triste ou alegre...
Mas, me encante de verdade, com vontade...

Que depois, eu te confesso que me apaixonei,
E prometo te encantar por todos os dias...
Pelo resto das nossas vidas!

Pablo Neruda

24 de agosto de 2012

Nua



Retiro de mim as vestes de mulher e desnudada entro na poesia.
Humilde, descalço meus pés e passeio pelas palavras
que cobrem meu corpo.
Percorro a minha memória e encontro as sílabas que sussurrei
ao amor, mas que o vento as levou para longe... Perdi-as.
Deito-me na palavra saudade e nela revejo minha vida
e faço um verso com que me cubro.
Sonho com frases que a minha boca não sabe dizer mas
que a alma sente. São palavras de amor.

 Isabel Maria

16 de agosto de 2012

Wish You Were Here


Como eu queria, como eu queria que você estivesse aqui
Somos apenas duas almas perdidas
Nadando num aquário
Ano após ano
Correndo sobre este mesmo velho chão
O que encontramos?
Os mesmos velhos medos
Queria que você estivesse aqui

Pink Floyd



8 de agosto de 2012

Mas...



... porque as coisas são mesmo assim, talvez por certa magia, predestinações, sinais ou simplesmente acaso, quem saberá, ou ainda por ser natural que assim fosse, e menos que natural, inevitável, fatalidade, trágicos encantos - enfim, houve um dia, marco, em que o tocaram de leve no ombro.
Ele olhou para o lado. Ao lado havia Outra Pessoa. A Outra Pessoa olhava-o com cuidadosos olhos castanhos. Os cuidadosos olhos castanhos eram mornos, levemente preocupados, um pouco expectantes. As transformações tinham se tornado tão aceleradas que, no primeiro momento, não soube dizer se a Outra Pessoa via a ele ou a Ela, se se dirigia à moldura, à casca, ao cristal ou ao desenho, ao corpo original, às gotas de sangue. Isso num primeiro momento. Num segundo, teve certeza absoluta que se tinha desinvisibilizado. A Outra Pessoa olhava para uma coisa que não era uma coisa, era ele mesmo. Ele mesmo olhava para uma coisa que não era uma coisa, era Outra Pessoa. O coração dele batia e batia, cheio de sangue. Pousada sobre seu ombro, a mão da Outra Pessoa tinha veias cheias de sangue, latejando suaves.
Alguma coisa explodiu, partida em cacos. A partir de então, tudo ficou ainda mais complicado. E mais real.

Caio F. Abreu  


2 de agosto de 2012

O Eremita




Hora de se recolher, se voltar para o interior e avaliar o que está acontecendo na vida.
O Eremita é um convite à reflexão, um diálogo imaginário com um inesquecível amigo, neste momento nenhum conselho externo servirá, por mais bem intencionado que possa ser. Procure as respostas no seu interior. Procure acima de tudo, mergulhar na importância de se ter um objetivo na vida.



“ Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, acorda. “

Jung  


29 de julho de 2012

Aproxime-se...


Chegue bem perto de mim. Me olhe, me toque, me diga qualquer coisa. Ou não diga nada, mas chegue mais perto. Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada. Daqui há pouco você vai crescer e achar tudo isso ridículo. Antes que tudo se perca, enquanto ainda posso dizer sim, por favor, chegue mais perto.

Caio F. Abreu  

20 de julho de 2012

Love Me


Muito sensual...

19 de julho de 2012

Pegas-me...




Pegas-me para dançar a valsa do amor.
Entrelaçamo-nos e pavoneamo-nos pelo céu do Olimpo.
Passas tuas mãos sedosas mas trémulas pelo meu
corpo de vestes transparentes.
Ensino-te o caminho e descobres meus segredos.
Sorrio e nossos olhos encontram-se, brilham e falam em silêncio.
Deslizamos um pelo outro e saboreamos o perfume do beijo.
Caio em teus braços e de teu corpo recende um aroma
de alecrim que me inebria e me encanta.
Soam as trompetas do amor!

Isabel Maria.

13 de julho de 2012

Flor da Noite



Dorme, tudo dorme
Sobre o mundo cai o véu
Veste o infinito
Véu da noite, cai do céu
Se outro alguém te lembrar de nós dois
Não diz pra esse alguém
O que passou e ficou pra depois
Seja o que for além
De mim
Ninguém
Assim

Sonha, tudo sonha
O universo vai ao léu
Verso do meu sonho
Flor da noite, carrossel
Se outro alguém te lembrar de nós dois
Não diz pra esse alguém
O que passou e ficou pra depois
Seja o que for além
De mim
Ninguém
Assim


Nana Caymmi

9 de julho de 2012

Sensatez



Se eu fosse sóbria e séria, se sensata,
Do amor, tomava um trago a cada dia,
Com calma, em paz, em cálida alegria,
Se eu fosse sóbria, sim,
Isso eu faria.


Seu fosse sóbria e séria, se sensata,
Do cultos a verdade aceitaria,
Um bom pastor, não Deus pra ser meu guia,
Se eu fosse sábia, sim,
Eu buscaria.


Seu fosse sóbria e séria, se sensata,
Casada e gorda, comportada e fria.
Um mundo bom, o amor de uma família,
Se eu fosse séria, sim,
Eu já teria.


Mas a paixão não quer a sobriedade,
Nem seriedade sabe o coração,
E quem busca o calor da divindade
Não se consola com religião.


E não sou sóbria e séria e nem sensata,
Eu meço a hipocrisia dos contentes
E ao justo criador nada mais peço
Que a luz do Sol, pra me afiar os dentes.


Patricia Clemente


6 de julho de 2012

Porque...


Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar seria fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria - e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele.

(Clarice Lispector)

5 de julho de 2012

Sinto sua falta...



“Eu te amei muito. Nunca disse, como você também não disse, mas acho que você soube. Pena que as grandes e as cucas confusas não saibam amar. Pena também que a gente se envergonhe de dizer, a gente não devia ter vergonha do que é bonito. Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo nem coisas falsas. Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas — se um dia a gente se encontrar de novo, em amor, eu direi delas, caso contrário não será preciso. Essas coisas não pedem resposta nem ressonância alguma em você: eu só queria que você soubesse do muito amor e ternura que eu tinha — e tenho — pra você. Acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim.”


Caio Fernando Abreu  



2 de julho de 2012

O Hierofante



O Hierofante, tradicionalmente, é um símbolo de ligação entre a matéria e o espírito, é a ponte (o Pontífice) que liga o mundo terreno no qual vivemos à divindade. Autoridade moral, sacerdócio. Proteção, lealdade. Observância das convenções, respeitabilidade. Ensino, conselhos equilibrados. Benevolência, generosidade indulgente, perdão. Mansidão. Busca de sentido, revelação, hora da verdade, confiança, indicações do caminho da salvação.
O Pontífice representa a forma ativa da inteligência humana, que traz principalmente as soluções lógicas. Significa também os pensamentos inspirados por um nível mais alto de consciência,
sentimentos poderosos, afetos sólidos, solicitude. Equilíbrio, segurança na situação e na saúde. Revelações de segredos, o Arcano 5 representa a conciliação e a reconciliação
Quando o Hierofante sai em um jogo, consigo detectar um claro sinal de proteção naquele setor onde a carta saiu. É a proteção tanto divina quanto terrena, já que este Arcano é exatamente o símbolo da ligação entre esses dois mundos. O Arcano 5 também influencia todas as questões formais, institucionais e tradicionais. Se no mês passado tivemos a estruturação e segurança do Imperador (Arcano 4), quando chegamos no 5 o que já estava estruturado vira instituição.



“De ouvido te havia escutado, mas agora meus olhos te veem e o meu coração te sente...” 

28 de junho de 2012

Ser...



Quando as minhas mãos encontram o teu corpo a paisagem muda como por magia, as cores multiplicam-se o tempo respira devagarinho e a luz sem pedir licença invade o nosso espaço… estávamos perdidos lado a lado escutando o silêncio que relatava o nosso momento de paz, a minha mão deslizava pelo teu rosto suave dominado pelo teu olhar brilhante e sedutor…
ser feliz custa tão pouco...

(Maria)

21 de junho de 2012

Mas...




(...)Mas se você tivesse ficado, seria diferente?

Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais - por que ir em frente?



Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia - qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.



Tinha terminado então. Porque a gente, alguma coisa dentro da gente sempre sabe exatamente quando termina. Mas de tudo isso, me ficaram coisas boas. Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor pra mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo.



Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro, mas que seja bom o que vier, pra você e pra mim.




(Caio F. Abreu)

17 de junho de 2012

Isso passa...




Eu sei, eu sei... O eterno clichê "isso passa". Passa sim e quando passar algo mais triste vai acontecer: Eu não vou mais te amar.
É triste saber que um dia vou ver você passar e não sentir cada milímetro arder e enjoar. É triste saber que um dia vou ouvir a sua voz ou olhar seu rosto e o resto do mundo não vai desaparecer. O fim do amor é mais triste que o nosso fim.
Meu amor esta cansado, surrado. Ele quer me deixar para renascer depois, lindo e puro em outro canto, mas eu não quero outro canto. Eu quero insistir no nosso canto.
Eu me agarro a beiradinha do meu amor, eu imploro pra que ele fique, ainda que doa mais do que cabe em mim, eu imploro para que pelo menos esse amor que eu sinto por você não me deixe, pelo menos ele, ainda que insuportável, não desista.


(Tati Bernardi)

11 de junho de 2012

Sensibilidade





” Ser sensível nesse mundo requer muita coragem. Muita. Todo dia. Esse jeito de ouvir além dos olhos, de ver além dos ouvidos, de sentir a textura do sentimento alheio tão clara no próprio coração e tantas vezes até doer ou sorrir junto com toda sinceridade. Essa sensação, de vez em quando, de ser estrangeiro e não saber falar o idioma local, de ser meio ET, uma espécie de sobrevivente de uma civilização extinta. Essa intensidade toda em tempo de ternura minguada. Esse amor tão vívido em terra em que a maioria parece se assustar mais com o afeto do que com a indelicadeza. Esse cuidado espontâneo com os outros. Essa vontade tão pura de que ninguém sofra por nada. Esse melindre de ferir por saber, com nitidez, como dói se sentir ferido. “

Ana Jácomo 

10 de junho de 2012

Que assim seja



"Então, não perca seu tempo comigo. Eu não sou um corpo que você achou na noite. 
Eu não sou uma boca que precisa ser beijada por outra qualquer. 
Eu não preciso do seu dinheiro. Muito menos do seu carro. Mas, talvez, eu precise dos seus braços fortes. 
Das suas mãos quentes. Do seu colo pra eu me deitar. 
Do seu conselho quando meu lado menina não souber o que fazer do meu futuro. 
Eu não vou te pedir nada. Não vou te cobrar aquilo que você não pode me dar. 
Mas uma coisa, eu exijo. Quando estiver comigo, seja todo você. Corpo e alma. 
Às vezes, mais alma. Às vezes, mais corpo. Mas, por favor, não me apareça pela metade. 
Não me venha com falsas promessas. Eu não me iludo com presentes caros. 
Não, eu não estou à venda. Eu não quero saber onde você mora. Desde que você saiba o caminho da minha casa. 
Eu não quero saber quanto você ganha. Quero saber se ganha o dia quando está comigo."

Caio F Abreu

2 de junho de 2012

O Imperador




A percepção do Ego. A auto-afirmação. Representa a capacidade do ser humano de impor seu personagem. Todos nós temos a necessidade de ocuparmos um espaço dentro do nosso ambiente. Este espaço é composto de uma série de papéis, onde exercemos nossos dons e realizamos nossos ideais.
Cumprindo funções nesse universo, você vai ter a sensação de poder determinar sua vida. O Imperador traz uma força muito grande para você se assumir, usar suas capacidades e conquistar seu espaço na sociedade. Perceberá que pode obter o que precisa para se manter. Está gerando sua própria vida e ganhando autonomia. Com isso, você quer mais liberdade.

O Arcano 4 é a âncora que garante que não vamos ficar à deriva. É a pedra onde fixamos nossas fundações e construímos toda uma vida. É o pai que nos protege e vigia a uma certa distância, deixando que os passos da autonomia sejam aos poucos aprendidos.  

1 de junho de 2012

Do Amor



Ama-me. Ainda é tempo. Interroga-me.
E eu te direi que nosso tempo é agora.
Esplêndida de avidez, vasta ternura
Porque é mais vasto o sonho que elabora

Há tanto tempo sua própria tessitura.

Ama-me. Embora eu te pareça
Demasiado intensa. E de aspereza.
É transitória se tu me repensas.

Hilda Hilst

26 de maio de 2012

...


Ensinam muitas coisas as garotas. Se um cara lhe machuca, ele gosta de você. Nunca tenta aparar a própria franja. E, um dia, vai conhecer um cara incrível e ser feliz para sempre. Todo filme e toda história, implora para esperarmos por isso. A reviravolta no terceiro ato. A declaração de amor inesperada. A exceção à regra. Mas, às vezes, focamos tanto em achar nosso final feliz, que não aprendemos a ler os sinais. A diferenciar entre quem nos quer e quem não nos quer. Entre os que vão ficar e os que vão nos deixar. E talvez esse final feliz não inclua um cara incrível. Talvez seja... Você... Sozinha... Recolhendo os cacos e recomeçando. Ficando livre para algo melhor no futuro. Talvez o final feliz seja só seguir em frente. Ou talvez o final feliz seja isto, saber que mesmo com ligações sem retorno e corações partidos, com todos os erros estúpidos e sinais mal interpretados, com toda a vergonha e todo o constrangimento, você nunca perdeu a esperança.

Trecho retirado do filme: Ele Não Está Afim de Você  


24 de maio de 2012

Perseverança



Jogo a minha rede no mar da vida e às vezes, quando a recolho, descubro que ela retorna vazia. Não há como não me entristecer e não há como desistir. Deixo a lágrima correr, vinda das ondas que me renovam, por dentro, em silêncio: dor que não verte, envenena. O coração marejado, arrumo, como posso, os meus sentimentos. Passo a limpo os meus sonhos. Ajeito, da melhor forma que sei, a força que me move. Guardo a minha rede e deixo o dia dormir.

Com toda a tristeza pelas redes que voltam vazias, sou corajosa o bastante para não me acostumar com essa ideia. Se gente não fosse feita pra ser feliz, Deus não teria caprichado tanto nos detalhes. Perseverança não é somente acreditar na própria rede. Perseverança é não deixar de crer na capacidade de renovação das águas.

Hoje, o dia pode não ter sido bom, mas amanhã será outro mar. E eu estarei lá na beira da praia de novo.

Ana Jácomo


23 de maio de 2012

Todas as mãos dadas juntas...



Todas as mãos dadas juntas não serviam para a mão estendida que eu pedi na hora em que eu precisava, e eu juro que eu ainda precisava de você naquele dia que você resolveu não estar mais aqui.
Me fez jurar em vão que não iria sofrer, porque eu sofri tanto.
Mas pela primeira vez na vida foi em silêncio, um silêncio da boca pra fora e dentro a ruptura do cheio, o vácuo, o estranho, o escuro, o nada.
Eu deveria me sentir sem nada porque eu não tinha mais você, mas tudo o que eu conseguia sentir era medo de nunca mais ter ninguém por ter amargado muito e perdido a medida. Medo de não querer mais absolutamente nada perto da nossa cumplicidade que eu achava ser de verdade, mas não era. Medo de se apostar de novo em tantas coisas que depois não seriam.


Rani Ghazzaoui

21 de maio de 2012

Here Without You


Since the last time that I saw your pretty face
A thousand lies have made me colder
And I don't think I can look at this the same
But all the miles that separate
They disappear now when I'm dreaming of your face...

3 Doors Down


"Ele pode estar olhando tuas fotos neste exato momento; passou-se muito tempo, detalhes se perderam. E daí? Pode ser que ele faça as mesmas coisas que você fazia escondida, sem deixar rastros nem pistas. Talvez ele passa a mão na barba mal feita e sinta saudade do quanto você gostava disso. Ou percorra trajetos que eram teus, na tentativa de não deixar que você se disperse das lembranças. As boas. Por escolha ou fatalidade, pouco importa, ele pode pensar em você. Todos os dias. E ainda assim, preferir o silêncio. Ele pode reler teus bilhetes, procurar o teu cheiro em outros cheiros. Ele pode ouvir as tuas músicas, procurar a tua voz em outras vozes. Quem nos faz falta, acerta o coração como um vento súbito que entra pela janela aberta. Não há escape. Talvez ele perceba que você faz falta e diferença, de alguma forma, numa noite fria. Você não sabe. Ele pode ser o cara com quem passará aquele tão sonhado verão em Paris. Talvez ele volte; Ou não."


Caio F. Abreu

19 de maio de 2012

Da Noite



"Que canto há de cantar o que perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.


Que mitos, meu amor, entre os lençóis:

O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.



Como cobrir-te de pássaros e plumas

E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível
E o que eu desejo é luz e imaterial.



Que canto há de cantar o indefinível?

O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.



Como te amar, sem nunca merecer?

Costuro o infinito sobre o peito.
E no entanto sou água fugidia e amarga.
E sou crível e antiga como aquilo que vês:
(...)
Costuro o infinito sobre o peito
Como aqueles que amam.


Que te demores, que me persigas
Como alguns perseguem as tulipas
Para prover o esquecimento de si.
Que te demores
Cobrindo-me de sumos e de tintas
Na minha noite de fomes.
Reflete-me. Sou teu destino e poente.
Dorme."



(Hilda Hilst)