“Eu te amei muito.
Nunca disse, como você também não disse, mas acho que você soube.
Pena que as grandes e as cucas confusas não saibam amar. Pena também
que a gente se envergonhe de dizer, a gente não devia ter vergonha
do que é bonito. Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de
novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver
medo nem coisas falsas. Há uma porção de coisas minhas que você
não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que
fugi de você e voltei e tornei a fugir. São coisas difíceis de
serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas — se
um dia a gente se encontrar de novo, em amor, eu direi delas, caso
contrário não será preciso. Essas coisas não pedem resposta nem
ressonância alguma em você: eu só queria que você soubesse do
muito amor e ternura que eu tinha — e tenho — pra você. Acho que
é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você
existe em mim.”
Caio Fernando Abreu
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