Jogo a minha rede no
mar da vida e às vezes, quando a recolho, descubro que ela retorna
vazia. Não há como não me entristecer e não há como desistir.
Deixo a lágrima correr, vinda das ondas que me renovam, por dentro,
em silêncio: dor que não verte, envenena. O coração marejado,
arrumo, como posso, os meus sentimentos. Passo a limpo os meus
sonhos. Ajeito, da melhor forma que sei, a força que me move. Guardo
a minha rede e deixo o dia dormir.
Com toda a tristeza pelas
redes que voltam vazias, sou corajosa o bastante para não me
acostumar com essa ideia. Se gente não fosse feita pra ser feliz,
Deus não teria caprichado tanto nos detalhes. Perseverança não é
somente acreditar na própria rede. Perseverança é não deixar de
crer na capacidade de renovação das águas.
Hoje, o dia pode
não ter sido bom, mas amanhã será outro mar. E eu estarei lá na
beira da praia de novo.
Ana Jácomo
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