22 de agosto de 2010

Soneto de Ofélia




Lírio do val perdido na corrente,
Sigo formosa e fria entre outros lírios...

Na cabeça,
uma c’roa de martírios;

Nos olhos virginais,
a paz silente.

As estrelas virão acender círios
No fundo deste leito,
suavemente:

E a lua beijar-me-á,
calma e dolente,
A lua que abençoou os meus delírios.

Que venha o vago luar que anda nas covas
Atorçalar-me a fronte,
onde vagueia
O beijo etéreo e trágico de Hamleto...

Formosa como vou,
com flores novas
Beijando a minha cor de lua-cheia.


O Príncipe ter-me-á Eterno Afeto.



(Alphonsus de Guimaraens)

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito legal aqui!

Claudia