10 de agosto de 2010

As Deusas Devoradoras das Américas - Parte 1


As culturas americanas desenvolveram-se de uma forma totalmente independente do mundo antigo. As notáveis correspondências entre os simbolismos dos dois mundos fundam-se em alicerces arquetípicos.

No México, a mitologia solar foi dominante, enquanto que a mitologia lunar permaneceu nas culturas costeiras ao longo do litoral da América do Sul, principalmente no Peru. Aqui o Grande Feminino é considerado a "mulher da lua", "a esposa do mar" e o mar noturno e o céu noturno são a mesma coisa, pois a noite é o Grande Círculo, uma unidade composta do mundo inferior, mar noturno e céu noturno que engloba todas as criaturas vivas.

Na cultura matriarcal dos Chimus, que dominaram a costa Norte do Peru, encontramos uma mitologia lunar em que a lua pode representar um herói como o nascimento dos seres humanos e dos heróis a partir do ovo, o símbolo da lua.

Enquanto a psicologia matriarcal ligada à noite-lua que predomina no Peru seria eclipsada pela cultura patriarcal inca somente em um momento posterior, verifica-se na cultura mexicana uma dominância patriarcal mais evidente. Á princípio a grande quantidade de deusas astecas parecem inviabilizar uma classificação das mesmas. Mas, é possível nesse caso constatar a uniformidade arquetípica subjacente dando prosseguimento à análise das interligações existentes entre elas.

No início dos tempos, apresenta-se o pai divino, Tonacatecuhtli e a mãe divina, Tonacacihuatl, também chamados de "Senhor e Senhora da nossa carne", cuja morada é no décimo terceiro e mais elevado dos céus. Sua origem jamais ninguém conseguiu esclarecer. Eles foram o casal primordial, também conhecidos como Ometecuhtli e Ometecihuatl, "Senhor e Senhora dos Dois". Ambos ocupam o primeiro lugar no calendário porque são os criadores dos tempos primordiais, sendo que a parte masculina é associada ao céu e ao fogo e a parte feminina com a terra e com a água. Eles tiveram quatro filhos: Tezcaplipoca, Quetzalcoatl, Xipe e Huitzipochtli, as quatro principais deidades mexicanas.

Os deuses primitivos mais análogos a estas deidades urobóricas eram hermafroditas, o que sugere que cada uma das ambas contém em si a força criadora da procriação. O nome deles "Senhor e Senhora da nossa carne", significa não só "Senhores da nossa substância vital", mas ao mesmo tempo, os "Senhores do Milho", isto é, eles são uma deidade tanto da gênese como da vida vegetal.

Texto retirado do site: www.xamanismo.com.br

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