... com longos vestidos graves,
como um quadro, tênue de cor, muito sereno.
E reconheço-me.
Não há paisagem nenhuma, apenas um vazio imenso,
a luz de um crepúsculo imóvel,
uma grandiosa quietude.
Em algum lugar me encontro assim deitada,
sem brisa que me altere, presença que me perturbe.
Do céu à terra, de leste a oeste, tudo é muito longe,
infinitamente, num lugar de nenhum país.
Horizontes de esquecimento circundam a imagem,
a imagem minha que parece venturosa,
que descansa em nobre solidão,
que talvez esteja sonhando
sonhos que jamais conhecerei,
mas que dão a seus olhos fechados
uma plácida curva.
Reconheço-me e ignoro-me.
(Uma noite dentro de outra noite.)
(Cecília Meirelles)
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