4 de janeiro de 2010

A Lua de Tabriz



Com a maré da manhã surgiu no céu uma lua
De lá desceu e fitou-me
Como um falcão que arrebata um pássaro
Essa lua agarrou-me e cruzou o céu
Quando olhei para mim já não me vi
Naquela lua meu corpo se tornara, por graça sutil como a alma.
Viajei então em estado de alma e nada mais vi senão a lua.
Até que o segredo do saber divino me foi por inteiro revelado.
As novas esferas celestes fundiram-se na lua e o vaso do meu ser dissolveu-se inteiro no mar.
Quando o mar quebrou-se em ondas a sabedoria divina lançou sua voz ao longe.
Assim tudo ocorreu...
Assim tudo foi feito...
Logo o mar inundou-se de espumas.
Cada gota de espuma tomou forma e cor.
Ao receber o chamado do mar cada corpo de espuma se desfez e tornou-se espírito no oceano.
Sem a majestade do amado, não se poderia contemplar a lua.
Nem tornar-se mar.
(Rumi)

Nenhum comentário: