30 de janeiro de 2010

Tudo tem seu tempo...


A sabedoria do peregrino consiste - não em chegar depressa a seu destino - mas em apreciar as belezas do caminho...

25 de janeiro de 2010

Wolf eyes



GUERRA
Guerra é o esforço, é inquietude, é ânsia, é transporte...
É a dramatização sangrenta e dura
Da avidez com que o Espírito procura
Ser perfeito, ser máximo, ser forte!
É a Subconsciência que se transfigura
Em volição conflagradora... É a corte
Das raças todas, que se entrega à morte
Para a felicidade da Criatura!
É a obsessão de ver sangue, é o instinto horrendo
De subir, na ordem cósmica, descendo
À irracionalidade primitiva...
E a Natureza que, no seu arcano,
Precisa de encharcar-se em sangue humano
Para mostrar aos homens que está viva!
(Augusto dos Anjos)

15 de janeiro de 2010

Carnaval



Com os teus dedos feitos de tempo silencioso,

Modela a minha mascara, modela-a...
E veste-me essas roupas encantadas
Com que tu mesmo te escondes, ó oculto!

Põe nos meus lábios essa voz
Que só constrói perguntas,
E, à aparência com que me encobrires,
Dá um nome rápido, que se possa logo esquecer...

Eu irei pelas tuas ruas,
Cantando e dançando...
E lá, onde ninguém se reconhece,
Ninguém saberá quem sou,
À luz do teu Carnaval...

Modela a minha mascara!
Veste-me essas roupas!

Mas deixa na minha voz a eternidade
Dos teus dedos de silencioso tempo...
Mas deixa nas minhas roupas a saudade da tua forma...
E põe na minha dança o teu ritmo,
Para me conduzir...

(Cecília Meireles)

10 de janeiro de 2010

Palavras




Tenha cuidado com as palavras

mesmo as milagrosas.
Pelas milagrosas nós fazemos o melhor possível,
por vezes nos enxameiam como insetos
que não nos deixam picadas, mas um beijo.
Podem ser tão boas como dedos.
Podem ser tão seguras como a rocha
Onde te sentas.
Mas também podem ser ao mesmo tempo margaridas e feridas

Contudo, sou amante das palavras.
Elas são pombas que caem do teto.
São seis laranjas sagradas pousadas no meu colo.
São as árvores, as pernas do verão,
e o sol, seu impetuoso rosto.

No entanto, elas me faltam.
Eu tenho tantas coisas que quero dizer,
tantas histórias, imagens, provérbios, etc.

Mas as palavras não são boas o suficiente,
as incorretas me beijam.
Às vezes vôo como uma águia
mas com as asas de uma carriça.

Porém tento ter cuidado
e ser amável com elas.
As palavras e os ovos devem manejados com cuidado.
Uma vez quebrados, são impossíveis de reparar.

(Anne Sexton)

5 de janeiro de 2010

Por verte reír



Una mañana, un atardecer
Una noche y un amanecer
Todo un verano escuchándome
Entregando tus horas

Quiero ser siempre un oasis
En tu soledad, serenidad
Aprender todo lo que me enseñas
Tu amistad me hace crecer

Soy como una luna llena
Por verte reír se queda
Una semana más

Doy vueltas al mundo entero
Por verte reír espero
Toda una eternidad

Sé que me dejo envolver así
Y me veo muy cerca de ti
Porque sembraste mi corazón
Tus palavras más sabias.

Quiero ser el fuego que te alegra
Comprender tu parecer
Mi verdad pierde su fuerza cuando
Tu amistad me hace crecer.


Soy como una luna llena
Por verte reír se queda
Una semana más

Doy vueltas al mundo entero
Por verte reír espero
Toda una eternidad

(Adriana Mezzadri)

Essa música não me sai da cabeça...
A melodia, a batida perfeita, o ritmo, a voz da cantora, tudo se encaixa tão perfeitamente...
Lindas recordações... Ai, ai, saudade....

4 de janeiro de 2010

A Lua de Tabriz



Com a maré da manhã surgiu no céu uma lua
De lá desceu e fitou-me
Como um falcão que arrebata um pássaro
Essa lua agarrou-me e cruzou o céu
Quando olhei para mim já não me vi
Naquela lua meu corpo se tornara, por graça sutil como a alma.
Viajei então em estado de alma e nada mais vi senão a lua.
Até que o segredo do saber divino me foi por inteiro revelado.
As novas esferas celestes fundiram-se na lua e o vaso do meu ser dissolveu-se inteiro no mar.
Quando o mar quebrou-se em ondas a sabedoria divina lançou sua voz ao longe.
Assim tudo ocorreu...
Assim tudo foi feito...
Logo o mar inundou-se de espumas.
Cada gota de espuma tomou forma e cor.
Ao receber o chamado do mar cada corpo de espuma se desfez e tornou-se espírito no oceano.
Sem a majestade do amado, não se poderia contemplar a lua.
Nem tornar-se mar.
(Rumi)