30 de agosto de 2011

Ela decidiu morrer...



"Ela decidiu morrer. Mas passou a viver cada dia mais intenso antes da sua morte,
tentou por outras vezes, outras horas, ir embora novamente, mas permaneceu, e ficou.
Ficou e viveu, fez todas as suas vontades, caprichos e desejos,
achando que todos os dias seriam como um milagre por estar viva.
Mas mal sabia ela, que não morreria, mas a ilusão a fez viver como se todos os dias fossem o último."
(Veronika decide morrer - Paulo Coelho)

25 de agosto de 2011

Bruxaria Branca - A expressão do mal


As crianças, independentes de cor epitelial e prática religiosa, têm receio e curiosidades em relação a bruxas e fadas. A didática através do lúdico as insere no mundo da fantasia criado pelos adultos, em uma realidade controversa e de explicações através das fábulas de problemas não resolvidos.

Todos os povos e civilizações sempre tiveram códigos de moralidade e de costumes, entretanto, o desconhecimento de outro grupo cultural cria falsas respostas através de ideologias discriminatórias. Os questionamentos de gerações afloram nos contos, nas mitologias do poder e de identidades dos grupos sociais, e nestas análises as respostas estão inacabadas, gerando conflitos, surgindo à necessidade didática de final feliz para o grupo social que idealiza a fábula, conforme as suas aspirações sociais e influências religiosas. Neste sentido, os povos que sofreram invasões e foram escravizados encontram nas fábulas e mitos do invasor e escravizador referências deturpadas de si mesmo, pois são forçados a se encontrar no pertencimento do outro e, aprendem a desprezar os seus contos e mitos, seja por desconhecimento de sua história ou rejeição de sua ancestralidade. Quando conhecemos o mundo, a mulher nos é apresentada como símbolo do amor materno, sabedoria, religiosidade, compreensão e poder. Para a criança o ato de “falar com a minha mãe!” tem um significado muito forte. O ato da comunicação torna-se instrumento de pertencimento com aquela que teve o poder da procriação e manutenção da vida. Nas sociedades européias e em seus contos a mulher é representada como detentora do poder mágico da bondade, como as fadas (a mulher submissa sempre atenta aos desejos do homem) bruxas e feiticeiras (simbolizada da perversão e maldade, questionadoras do patriarcado). A maioria das crianças conhece o Conto Branca de Neve e os Sete Anões, da relação conflituosa, gerada pela disputa de beleza física, entre a protagonista com sua madrasta, uma rainha-bruxa. O clássico cinematográfico da Disney foi premiado com um Oscar especial da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. A história finaliza com a quebra do feitiço do sono eterno por um beijo do príncipe, que vive “feliz para sempre” com branca de Neve, a mais bela, notadamente por ser a mais branca, como o nome já sugere. Incrível que muitos aniversários de crianças, a idéia de ser uma princesa como a branca de neve e encontrar um príncipe encantado é um sonho de milhões de meninas pretas.


(Por Walter Passos, historiador, teólogo e membro da COPATZION (Comunidade Pan-Africanista de Tzion). Pseudônimo: Kefing Foluke.)


http://cnncba.blogspot.com/2009/09/bruxaria-branca-expressao-do-mal.html

24 de agosto de 2011

Liberdade




"O ser humano é capaz de se deixar morrer para conquistar a sua liberdade. Mas de qual liberdade se trata?
O homem só pode ser livre quando consegue restabelecer a verdadeira hierarquia em si mesmo.
Nesse momento, ele é o rei, retoma o seu lugar no trono e tudo lhe obedece:
sentimentos, pensamentos, instintos e desejos.
Para a maioria das pessoas, a liberdade consiste em abrir todas as portas ou janelas e sair dizendo:
"Sou livre", mas traz todas as prisões dentro de si.
Quem coloca em primeiro lugar os desejos, os caprichos e as paixões, é um escravo. E seria melhor se fosse se fechar em algum lugar, pois com essa liberdade só pode prejudicar os outros e a si mesmo.
A liberdade é privilégio do espírito, logo, só o homem no qual o espírito governa, isto é,
a luz, tudo o que é grande, justo e nobre, pode afirmar o direito de ser livre."
(Omraam Mikhaël Aïvanhov)

17 de agosto de 2011

Iluminada




Sentindo o coração parar
Eu bebo teu olhar, teu beijo
As nuvens que eu vejo passar
são luz do meu desejo
a buscar o teu amor...
A vida pode se acabar
Porque eu tive um momento pleno
Se o meu futuro for só lembrar
Teus lábios de veneno
Viverei desse amor
Cai o sol, hóstia incendiada
Na manhã transformada
Em altar do meu amor
A lua branca se escondeu
Fingindo que não sabe de nada
Seu brilho e bem menor do que o meu
Pois anda iluminada pelo sol de um grande amor...
(Ithamara Koorax)

8 de agosto de 2011

Cantares


Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o seu amor do que o vinho.
Suave é o cheiro dos teus perfumes; como perfume derramado é o teu nome;
por isso as donzelas te amam.
Leva-me tu; correremos após ti. O rei me introduziu nas suas recâmaras;
em ti nos alegraremos e nos regozijaremos;
faremos menção do teu amor mais do que do vinho; com razão te amam.
Eu sou morena, mas formosa, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Quedar,
como as cortinas de Salomão.
Não repareis em eu ser morena, porque o sol crestou-me a tez;
os filhos de minha mãe indignaram-se contra mim,
e me puseram por guarda de vinhas; a minha vinha, porém, não guardei.
Dize-me, ó tu, a quem ama a minha alma: Onde apascentas o teu rebanho,
onde o fazes deitar pelo meio-dia;
pois, por que razão seria eu como a que anda errante pelos rebanhos de teus companheiros?

Se não o sabes, ó tu, a mais formosa entre as mulheres, vai seguindo as pisadas das ovelhas,
e apascenta os teus cabritos junto às tendas dos pastores.
A uma *égua dos carros de Faraó eu te comparo, ó amada minha.
Formosas são as tuas faces entre as tuas tranças, e formoso o teu pescoço com os colares.
Nós te faremos umas tranças de ouro, marchetadas de pontinhos de prata.
Enquanto o rei se assentava à sua mesa, dava o meu nardo o seu cheiro.
O meu amado é para mim como um saquitel de mirra, que repousa entre os meus seios.
O meu amado é para mim como um ramalhete de hena nas vinhas de En-Gedi.
Eis que és formosa, ó amada minha, eis que és formosa; os teus olhos são como pombas.
Eis que és formoso, ó amado meu, como amável és também; o nosso leito é viçoso.
As traves da nossa casa são de cedro, e os caibros de cipreste.

(Cânticos de Salomão 1: 2-17)


*Quando Salomão escreveu o livro de Cantares ele comparou sua amada a uma égua da carruagem do faraó.
As éguas de Faraó eram tão conhecidas no mundo antigo e tão bem tratadas que tornaram-se símbolos do que de melhor havia na época.

4 de agosto de 2011

Não tenho...


Não tenho, nem nunca tive a intenção de chocar, o que não consigo é abdicar de dizer o que penso, mesmo que por vezes não sejam as coisas mais agradáveis, ou de deixar de lado as minhas dissertações escritas porque não sei viver sem elas.
Acho piada quando ouço dizer que não compreendem, ou até mesmo que acabo por ser excluída de um determinado circulo, precisamente por dizer o que penso, ou por rabiscar por aqui historias e experiências de vida.
E é por isso que hoje tenho a necessidade de fazer uma pequena correcção.
Não são as minhas palavras ou os meus riscos e rabiscos que fazem com que me excluam,
sou eu que me auto-excluo de determinado círculo, porque na verdade prefiro rodear-me de pessoas que tenham a capacidade de domar a sua autonomia, e conquista-la sem que para isso seja necessário aparentar ser uma pessoa que não se é.

(Marisa Martins)